segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Relembrando John Hughes (1950 - 2009)



No dia 6 de Agosto de 2009, o americano John Hughes Jr. caminhava por Nova Iorque quando sofreu um fulminante e fatal ataque cardíaco. Aos 59 anos, morria um homem que marcou a minha geração. Eu nasci e vivi minha infância nos anos 80. Quis crescer para curtir a vida adoidado como Ferris Bueller, me apaixonei por Molly Ringwald e sonhei em criar uma mulher nota 1000 dentro da minha própria casa. E a culpa disso tudo foi dele.



Hughes começou a trabalhar como escritor ainda nos anos 70, e em 1979 estreou como roteirista. Mas foi em 1984 que iniciou sua carreira como diretor. E como. Seu primeiro filme, Gatinhas e Gatões, se tornou um clássico instantâneo e elevou Molly Ringwald e Anthony Michael Hall ao estrelato. No ano seguinte, Hughes lançou dois filmes. O primeiro, O Clube dos Cinco, tratava das dúvidas e angústias adolescentes como nunca antes. Cinco jovens de diferentes grupos são obrigados a passar um dia juntos em detenção e desenvolvem ali uma confiança e amizade que eles sabem que não poderão manter uma vez que saiam daquele ambiente e voltem a habitar os corredores da escola. O Clube dos Cinco é o que Shakespeare escreveria se ele escrevesse filmes sobre adolescentes americanos. Em seguida, Hughes lança um filme mais fantástico e sem comprometimento com a realidade, Mulher Nota 1000. John Hughes entendia a cabeça dos nerds, e que idéia mais maravilhosa do que se dois nerds pudessem criar com seu computador a mulher perfeita! O filme, a terceira parceria do diretor com o ator Anthony Michael Hall, foi um sucesso internacional e até hoje tem uma legião de fãs.


Em dois anos, o escritor tornado roteirista tornado diretor lançou três filmes que foram três imensos sucessos de bilheteria e que definiriam os jovens americanos (e até mesmo do mundo) dos anos 80. Mas a década estava apenas na metade e Hughes estava longe de parar. Mas com as expectativas tão elevadas, como continuar sem perder o ritmo? Com Bueller, Ferris Bueller. Em 1986, o diretor apresentou o adolescente mais cool da história aos cinemas em Curtindo a Vida Adoidado e centenas de jovens continuam até hoje nutrindo o sonho de ser como aquele de colete de oncinha, cantando Twist and Shout pelas ruas de Chicago.



No ano seguinte, Hughes deixou de lado os filmes adolescentes para filmar a comédia Antes Só que Mal-Acompanhado com Steve Martin e John Candy. A comédia está na lista dos dez filmes mais engraçados da história do American Film Institute. Seu próximo filme talvez seja também o mais pessoal. John Hughes que se casou ainda muito jovem, aos vinte anos, fez um filme sobre a vida de um jovem casal recém casado que tenta entender como viver a vida de casado, as expectativas de todos aos seu redor e como evitar cair nas tentações que se apresentam diariamente. Nos créditos finais de Ela Vai Ter um Bebê, o diretor de o crédito de inspiração à Nancy, sua esposa, com quem permaneceu casado até sua morte.


Em 1989, John Hughes volta a trabalhar com John Candy no filme Quem Vê Cara, Não Vê Coração. Nessa comédia, vê-se a maturidade do diretor começando a ditar sobre seu trabalho. Enquanto antes ele escrevia para adolescentes, ele agora faz um filme sobre os conflitos e desentendimentos entre gerações, mais especificamente o tio Buck, de Candy, e seus sobrinhos vividos por Jean Kelly, Macaulay Culkin e Gaby Hoffman. O tio Buck acabou sendo um dos personagens que mais marcou o untuoso ator. O último filme dirigido pelo cineasta foi A Malandrinha, lançado em 1991, que mais uma vez tratava do relacionamento entre diferentes gerações, nesse caso entre Bill Dancer, vivido por James Belushi, e Curly Sue, vivida por Alisan Porter.


Durante todo esse tempo, Hughes nunca deixou de escrever. Comentar todos os roteiros assinados pelo cineasta, ou por seu pseudônimo, Edmund Dantes, em homenagem ao personagem de O Conde de Monte Cristo, deixaria esse post longo demais. Entretanto, vale pelo menos assinalar alguns dos roteiros que fizeram de Hughes um dos maiores roteiristas de Hollywood. Alguns de seus roteiros são: os filmes da série Férias Frustadas, os clássicos com Chevy Chase; Dona de Casa por Acaso, que pôs Michael Keaton na cozinha; A Garota de Rosa Shocking, com Molly Ringwald; Férias em Família, com Dan Aykroyd e John Candy tentando acabar com um urso e com um prato de carne (até a gordura e cartilagem); Esqueceram de Mim 1, 2 e 3, mas vamos fingir que foi só o 1 e 2; Beethoven, o Magnífico 1 e 2, o cachorro; Dutch, com Ed “Al Bundy” O’Neal; e o último filme que escreveu foi Meu Nome é Taylor, Drillbit Taylor, de 2008, com Owen Wilson.


Então John, obrigado pelas horas de diversão assistindo à Sessão da Tarde e Cinema em Casa, e agora nos DVDs, e onde quer que você esteja, curta adoidado.


sábado, 27 de junho de 2009

"Através do Túnel"



Curta documental dirigido por Daphne Cordeiro e escrito por mim, no ano passado.

Pessoalmente gostei muito do filme e das escolhas de direção da Daphne. Acho que o resultado ficou bem bacana.

O único problema que eu tenho com o filme é a dublagem que foi feita por pessoas sem experiência e eu achei que tirou um pouco do texto, e do filme em si. Já até comentei com a diretora sobre a possibilidade de redublar.

De qualquer maneira, o filme participou do RECINE 2008.


quinta-feira, 25 de junho de 2009

Trailer de "BESOURO"



A nova promessa do cinema nacional é uma grande investida no gênero de ação.

Besouro se passa na Bahia do início do século 20, e lembra os filmes de kung fu que fazem o cinema de Hong Kong, mas com gostinho nacional da nossa Capoeira!

As lutas do filme foram coreografadas pelo mesmo dublê que coreografou as lutas de O Tigre e o Dragão, Matrix e Kill Bill.

Assistam o trailer dessa super produção nacional.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Le Batman!



Uma das possibilidades que a Internet criou foi a distribuição fácil e gratuita de filmes de fãs. Os fan films são filmes feitos sem fins lucrativos, mas para homenagear os personagens preferidos de seus realizadores. Um dos personagens preferidos dos cineastas de fim de semana é o morcegão de Gotham City, o Batman. E de tempos em tempos, o cavaleiro das trevas já foi também o objeto cinematográfico de alguns fãs não tão amadores.

Em 2003, Sandy Collora, um profissional de cinema que já trabalhou no estúdio de efeitos especiais de Stan Winston (o mesmo que criou o Exterminador do Futuro), além de ter trabalhado em filmes como Jurassic Park, O Corvo, Dogma e Predador 2, resolveu dirigir um fan film do Batman. O filme, Batman: Dead End, foi considerado pelos profissionais dos quadrinhos e fãs das histórias como a melhor representação cinematográfica feita do personagem até então. Pondo o nome de Collora entre os possíveis diretores do filme que relançaria a franquia do homem morcego, antes de Chris Nolan assumir essa tarefa. O filme está disponível em sua integra e com legendas em português no YouTube.

Agora foi a vez dos franceses!

Dirigido por Julien Mokrani e Samuel Bodin, e roteirizado também por Bodin, Ashes to Ashes é um curta metragem de dezoito minutos que conta uma aventura que se passa em uma Gotham City extremamente estilizada. Mokrani e Bodin decidiram contar uma estória do Batman que não tem o herói como personagem central. O filme tem um clima bastante noir e é inspirado pelo romance gráfico Sin City de Frank Miller. Assim, Ashes to Ashes foi gravado digitalmente usando a mesma tecnologia que o longa de Robert Rodrigues, Frank Miller’s Sin City. O curta metragem foi gravado em treze dias e a pós produção durou de 2006 até 2008.

A estória de Ashes to Ashes se passa em 1938 e tem como protagonista o personagem Eddy, um assaltante que, junto com dois comparsas, invade a mansão Wayne para cometer um furto e, depois de ser confrontado, acaba matando o mordomo da casa. A partir daí, a vida de Eddy e seus comparsas vira de cabeça para baixo. Eles agora tem que fugir da sombra vingadora que os persegue, assim como os lunáticos bandidos da cidade. E para piorar, a mulher de Eddy, Harlene, o trai com o Coringa!

O filme foi selecionado para o Canto dos Curtas do Festival de Cannes desse ano. Vale a pena conferir! Infelizmente, o filme, que é falado em francês, só esta disponível com legendas em inglês. Mas mesmo quem não entende, vale a pena ver. As imagens constroem a narrativa bem o suficiente para que a história seja compreendida e o estilo é fantástico.





SITE OFICIAL DO FILME

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Crítica do filme "A Mulher Invisível"



Imagine se você conhecesse a mulher perfeita. Agora, imagine se a mulher perfeita se apaixonasse por você. Imaginou? Mas e se a mulher perfeita fosse só a sua imaginação? Essa é a premissa de A Mulher Invisível, novo filme do diretor Cláudio Torres, também escrito por ele, e da Conspiração Filmes.

O filme é o terceiro longa metragem de Torres, seguindo Redentor e A Mulher do Meu Amigo, e é o esforço da produtora de fazer uma comédia das mais comerciais e, ainda, de qualidade. E eles conseguem. O resultado é obtido em grande parte pelo talento de Selton Mello que vive Pedro, o personagem pseudoesquizofrênico que vive um caso de amor com sua própria imaginação.

Após ser abandonado pela namorada que o traíra, Pedro embarca em uma depressão que parece sem fim, ele se tranca em seu apartamento e evita qualquer contato com o resto do mundo até que um dia, uma mulher perfeita aparece em sua porta. Amanda, a invisível Luana Piovani, apresenta-se como sua vizinha e os dois quase que imediatamente se apaixonam. A partir daí, os dois vivem um rápido caso de amor que resulta em noivado.

Isso, até que o melhor amigo de Pedro, Vladimir Brichta, Carlos fica preocupado com o amigo e descobre que ele está se envolvendo com uma mulher que não existe. Após ser convencido por Carlos de que Amanda é apenas fruto de sua imaginação, Pedro começa a tentar esquecê-la e ignorá-la. O que se torna mais difícil, pois a insistente Amanda reconhece que se for esquecida por Pedro, ela deixa de existir.

Paralelamente a isso tudo, a vizinha de Pedro, Vitória, vivida por Maria Manoella, vive um caso de amor platônico por Pedro através da parede que separa a sala dele da cozinha dela. E mais tarde, ela vira motivo de disputa entre Pedro e Carlos.

O filme é feito de maneira bastante eficiente, não apresenta nada de inovador ou brilhante, mas essa também não é sua proposta. Trata-se da versão tupiniquim do melhor cinema pipoca. O filme é bastante divertido e garante boas risadas, principalmente causadas por Selton Mello que representa como ninguém o papel do patético Pedro, e por Vladimir Brichta que também não perde o ritmo como o melhor amigo mulherengo.

Vale a pena conferir e dar aquela força ao cinema nacional.

A Mulher Invisível estréia no dia cinco de junho nos cinemas.


segunda-feira, 25 de maio de 2009

Festival de Cannes 2009



Não deu nem para os bastardos de Quentin Tarantino e nem para o anticristo de Lars Von Trier, a Palme D’Or, o mais importante prêmio do cinema mundial foi para o filme Das Weisse Band (“A Fita Branca”), do diretor austríaco Michael Haneke.

O filme de Haneke, um longa metragem em preto e branco, se passa em um pequeno vilarejo alemão pouco antes do início da Primeira Guerra Mundial. Lá, acontecimentos sinistros envolvendo crianças vivendo num ambiente repressor de hipocrisia religiosa e abusos sexuais analisa a geração que mais tarde viria a criar o Nazismo no país.

A premiação de Das Weisse Band já era esperada, desde que o filme ganhou o Prêmio da Crítica Internacional. O francês Un Prophète (“Um Profeta”) ganhou o Gran Prix, e o Prêmio do Júri foi dividido entre Fish Tank, da britânica Andrea Arnold, e Thirst, do sul coreano Park Chan-Wook. O cineasta francês Alain Resnais recebeu um prêmio pelo conjunto de sua obra.

Já os comentados Bastardos Inglórios, de Tarantino, e Anticristo, de Lars Von Trier, ganharam respectivamente os prêmios de Melhor Ator, para Christoph Waltz, e Melhor Atriz, para Charlotte Gainsbourg. E a grande surpresa foi o prêmio de Melhor Diretor para o filipino Brilhante Mendoza pelo filme Kinatay.

O Brasil competia na mostra “Um Certo Olhar”, mas saiu da Riviera sem prêmios.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Crítica do filme "Star Trek"





Eu não cresci um fã de Jornada nas Estrelas. Muito pelo contrário, cedo na minha vida eu assisti Guerra nas Estrelas e logo virei devoto Jedi. Tenho lembranças felizes da minha infância, meu pai imitando a voz do Darth Vader para mim e eu rindo. Assim, crescendo fã da maior trilogia da história, sempre mantive um certo sentimento de rivalidade com Jornada nas Estrelas e com seus trekkies (fã do seriado original).

Eu sempre achei que Jornada nas Estrelas tinha, de fato, uma mitologia bastante interessante, mas a pobreza visual do seriado de televisão e filmes que me pareciam muito ligados à mesma, mantiveram-me afastado. O novo filme, dirigido por J.J. Abrams, com certeza não sofre de pobreza visual ou qualquer outro tipo de pobreza. Pelo contrário, o filme do criador das séries de TV, Felicity, Alias, Lost e Fringe, é muito rico e esbanja nos efeitos visuais de última geração.

Apesar do imenso sucesso na TV, J.J. Abrams ainda é iniciante como diretor de cinema, esse é apenas o segundo filme dele, que anteriormente dirigiu o Missão: Impossível 3. Mas, como em suas séries de TV, o diretor foi audacioso. Ele resolveu que o filme reiniciaria a franquia com os personagens originais. Personagens esses que são venerados e adorados por milhares dos fãs, talvez, mais ardorosos do mundo.

Abrams sempre disse em entrevistas e para os fãs que não havia crescido como um fã da série, mas pelo contrário, era fã de Guerra das Estrelas. Talvez, por esse motivo ele tenha conseguido mexer com a mitologia fundamental da série, o chamado cânone, e feito um filme tão grandioso quanto os da sagrada trilogia.

Então, vamos ao comentário. Star Trek é o Batman Begins do universo de Jornada nas Estrelas, o filme conta a história da formação da equipe clássica que levará a U.S.S. Enterprise para onde nenhum homem foi antes. A história começa focando na dicotomia entre James T. Kirk, o galã Chris Pine, e Sr. Spock, Zachary Quinto. Abrams usou uma teoria de viagem no tempo, digna de sua série Lost, para explicar que a viagem no tempo do vilão Nero, o romulano vivido por Eric Bana, e Sr. Spock do futuro, matando a saudade do vulcano original Leonard Nimoy, altera toda a história do universo, criando assim uma nova franquia que pode se diferenciar do seriado da televisão.

Enquanto Jim Kirk é um terráqueo corajoso, mas arrogante, que se alista na última hora como cadete da federação. Vemos no inicio do filme que o pai de Kirk, foi um oficial da federação que virou herói. Já Spock vive uma eterna procura por sua identidade, por ser meio humano e meio vulcano, uma raça superior que tem a lógica como maior atributo e renega a emoção.

Durante o filme os cadetes são obrigados a assumir postos de batalha, o que leva Kirk, Spock, e os personagens clássicos, “Magro” McCoy, Uhura, Sulu, Scotty, Chekov (sim, estão todos lá!), para dentro da Enterprise em sua primeira missão. O que segue é o que se pode esperar de qualquer Jornada nas Estrelas, assim como de quase todo filme de ação e ficção científica, muita ação, aventura, com bastante do humor característico da série.

Todos os atores estão muito bem nos papéis que interpretam. Eles o fazem com um misto de imitação e muito talento. Me pareceu que estavam interpretando aqueles personagens não imitando os atores que os tinham feito anteriormente, mas como quem interpreta figuras históricas bastante conhecidas. E é assim que deveria ser. Do elenco, destacam-se o australiano Karl Urban, como o médico e melhor amigo do capitão Kirk, Leonard “Magro” McCoy, e Quinto, o Sylar da série “Heroes”, como o novo Sr. Spock.

No fim das contas, o filme é bastante divertido e traz, finalmente, uma roupagem e investimento dignos à mitologia da série. A única coisa que realmente me incomodou no filme foi a fotografia. Todas as luzes refletiam nas lentes da câmera. Ao ponto de me convencer que o diretor de fotografia, Daniel Mindel, usou isso como artifício narrativo. Mas isso é feio! É uma falha de câmera. Usar algumas poucas vezes durante o filme para dar uma impressão de realidade é compreensível, mas em praticamente todo plano foi demais para o meu gosto. Até nas tomadas do espaço, criadas por computador, sem luz real, eles se deram ao trabalho de criar, no computador, reflexos na lente.

Outra crítica que eu tenho é sobre o nome. Essa onda dos grandes estúdios de quererem criar franquias globalmente reconhecidas pelo mesmo nome, assim, Guerra nas Estrelas virou Star Wars, Super-Homem retornou como Superman e agora o bom e velho Jornada nas Estrelas enrolou a língua e veio como Star Trek. Coisas de marketeiros... vai entender.

Star Trek estreou na última sexta-feira e está em cartaz em quase todos os cinemas.

Vida longa e próspera!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

"Medicina da Mata"



Começamos hoje a editar o meu curta "Medicina da Mata" (título provisório)! O documentário fala sobre feirantes de Petrópolis que comercializam ervas medicinais nas feiras livres da cidade.

O filme conta também com a participação da bióloga Fernanda Leitão dos Santos.

As filmagens foram ótimas e o filme vai ficar lindo! Quero deixar meus agradecimentos para Fernanda, os feirantes seu Orlando, seu Manoel, dona Marta, Rosângela e seu Alcino, e, claro, para minha equipe FANTÁSTICA, Ricardo e Renata.

A luta continua!

Deixo um clipe produzido e editado pela Renata com algumas imagens do making of.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Aniversário



Ontem eu era um ano mais novo do que sou hoje.... muito louco isso.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Crítica do filme "Divã"



Após o sucesso estrondoso de Se Eu Fosse Você 2, a Total Filmes... Ops! A Total Entertainment (agora visando dominação mundial), acertou de novo com o mais recente filme de José Alvarenga Jr., Divã.

Estrelado pela hilária Lília Cabral, o novo filme do diretor da série e filme Os Normais, conta a história de uma mulher de quarenta e tantos anos, que apesar de feliz, não se sente realizada. Mercedes, personagem de Lília Cabral, decide então procurar um analista para descobrir se há algo de errado com ela, pois ela teme que vá ser feliz para sempre.

A partir daí, analisamos junto com Mercedes o que deu errado ou certo em sua vida, enquanto ela continua cometendo erros e acertos. Como seu casamento, relação com filhos, com a melhor amiga Mônica, vivida pela fantástica Alexandra Richter, e com os casos que ela passa a viver atrás de uma vida mais completa.

Se muitos, inclusive o que vos fala, criticou os dois Se Eu Fosse Você por seu caráter televisivo, Divã não sofre do mesmo mal. Muito pelo contrário, Alvarenga acerta a mão usando até de bastante poética, em especial no flashback que mostra o funeral da mãe de Mercedes. O filme mostra o que eu espero que seja o futuro do cinema nacional, um roteiro bem amarrado, tecnicamente bem feito, com narrativa dinâmica e apelo comercial.

O restante do elenco de apoio também faz o que é esperado. O destaque sendo Alexandra Richter, que não perde uma piada, e José Mayer se sai muito bem como o marido carinhoso embora apático.

O público alvo é o feminino, mas o filme guarda boas risadas para todos. Espero que a Total continue a produzir filmes de qualidade para o público, já que não se sobrevive de cinema apenas de arte.

Divã estréia no dia 17 de abril. Dê uma força para o cinema nacional, vá ver e leve um amigo.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Crítica do filme "Bela Noite Para Voar"



A importância de Zelito Viana para o cinema nacional é inegável. Um grande produtor de diversos filmes importantes, incluindo Terra em Transe e O Dragão da Maldade Contra O Santo Guerreiro, ambos de Glauber Rocha, e o documentário Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho, que levou vinte anos para ficar pronto. Como diretor, Zelito nos deu alguns filmes interessantes, incluindo a cinebiografia de Villa-Lobos, e programas memoráveis como o infantil Xou da Xuxa e os cômico Chico Total e Chico Anysio Show.

Sua última investida no cinema é o longa Bela Noite Para Voar, que Viana escreveu e dirigiu. Infelizmente, o filme não é nem importante, nem interessante, nem memorável.

O filme, que conta com José de Abreu, Mariana Ximenes e Marcos Palmeira no elenco, conta a história de como seriam alguns dias na vida do presidente Juscelino Kubitschek viajando pelo Brasil, passando por diversos pontos políticos antes de chegar a um encontro amoroso com sua amante. Por trás disso, os militares tramam para derrubar o avião do presidente e tomar o poder.

O problema é que o JK de José de Abreu é uma caricatura extremamente superficial, e o ator erra completamente o tom. Ao invés de oferecer uma visão introspectiva de um personagem extremamente interessante, José de Abreu o interpreta como se estivesse em um palco de teatro e não em uma tela de cinema. O cinema pede por detalhes e não exageros, José.

Sempre considerei Mariana Ximenes uma ótima atriz, uma das melhores de sua geração, mas aqui ela simplesmente não tem o que fazer. A personagem da “Princesa”, como Juscelino chama a amante, é raso demais e as cenas em que ela aparece são tão vazias que chegam a ser patéticas. Durante um dia inteiro, tudo o que ela faz é se preparar para a chegada de JK. Durante o filme, vemos ela tomando banho, depois ela escolhendo a roupa, depois ela pondo a roupa. Não existe uma personagem aí! E é um desperdício para o talento de Ximenes.

Quem se sai melhor dos atores, e o único acerto do filme, é Marcos Palmeira, filho de Zelito, no papel de Carlos Lacerda. Ele não exagera e interpreta o personagem histórico com a devida seriedade que ele pede. Pena que foi o único. Depois do filme, pensei que preferia muito mais ter assistido a um filme sobre o Lacerda de Marcos Palmeira do que este filme.

O resto do elenco de apoio, que conta com a participação de antigos membros da Escolinha do Prof. Raimundo que deveriam ter continuado só na nossa lembrança, é péssimo. E a direção da câmera também é catastrófica, tirando toda a carga dramática do filme e tornando-o em uma chanchada da pior qualidade. E o pior é que essa não era a intenção aqui. A falta de dinâmica dos ângulos e movimentos de câmera dão à narrativa uma aparência amadora e sem inspiração.

Esse filme foi uma triste lembrança do que o cinema brasileiro já foi e espero que não volte a ser.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Crítica do filme "Watchmen - O Filme"

Eu mal acredito, mas nesse fim de semana eu FINALMENTE assisti um filme adaptado de WATCHMEN!!! (Para entender meu entusiasmo, leia “Quis custodiet ipsos custodes?”, postado em 16/02/09)


Watchmen – O Filme conta a história de um mundo alternativo onde heróis mascarados teriam combatido o crime até serem proibidos de fazê-lo. Mas os vigilantes são lançados de volta à ativa após o assassinato de um deles. Isso superficialmente, de fato, a proposta do filme, assim como da obra inspiradora, é analisar psicologicamente quem seriam essas pessoas dispostas a se fantasiar e sair por aí brigando com bandidos e como eles se relacionam um com os outros e com o mundo ao seu redor.

Eu confesso que, como fã das revistas, estava bastante apreensivo quanto a essa adaptação, uma vez que o texto já havia sido chamado de “infilmável” diversas vezes e eu tinha medo de que Hollywood fosse transformar a trama em mais um filme de ação de superheróis. Mas felizmente isso não aconteceu. Esse é um filme adulto que explora o lado mais negro de como as pessoas agem, uma vez que se consideram superiores ou responsáveis pelas outras. Como traçar limites? Como não se distanciar das demais pessoas? E isso tudo sem perder o suspense da trama.

Primeiro de tudo, vale confirmar que essa é a adaptação mais fiel possível que o livro poderia ter tido. A história foi razoavelmente reduzida, tramas menores e personagens secundários foram cortados, mas a adaptação continua fiel ao conceito original e isso que importa. Seria impossível querer contar tudo que o original conta, isso acabaria prejudicando o filme que já é bastante denso como ficou.

Assim, Watchmen - O Filme pede atenção total da platéia durante suas quase 3 horas, a tela é cheia de detalhe e as personagens estão quase ininterruptamente servindo informação. E o filme não é para o fraco de estômago, braços são decepados, tripas voam pelos ares, pernas são perfuradas por balas, etc. Mas tudo maravilhosamente fotografado por Larry Fong, que também foi o cinematógrafo de 300, e com impecável direção de arte, que marca as diferentes épocas que o filme cobre.

As coisas que parecem ser mais criticadas pela Internet são: a maquiagem para envelhecer os atores, o final que foi modificado, o mau sincronismo da boca do Dr. Manhattan e seu pinto CG balançante. Nenhuma das coisas me incomodou tanto. Tudo bem, em alguns pontos a maquiagem era menos que perfeita, mas ainda assim, cumpriu seu papel e na maioria das vezes muito bem, e quanto a computação gráfica de Dr. Manhattan, não percebi grande falta de sincronismo, e o membro em questão era da mesma cor do fundo! Era visível, mas para alguém se incomodar com aquilo, deveria estar realmente focado naquilo.

A questão do final é mais complicada. Segundo o diretor, Zack Snyder, o final foi modificado porque se permanecesse como nos quadrinhos ele teria que contar toda uma outra história que adicionaria mais uns quinze a vinte minutos no já estourado tempo. Eu gosto do final original, mas tenho minhas dúvidas se funcionaria no cinema. Somos mais permissivos a certas idéias no papel do que vendo “na verdade”. Eu achei que o novo fim foi muito bom.

Patrick Wilson (Dan Dreiberg/Coruja II) mostra mais uma vez que é muito talentoso perfeito para viver o papel daquele cara meio normal, que é bonito, mas não bonito demais. Wilson é perfeito no papel trazendo uma realidade patética ao herói que mente para si mesmo dizendo que não sente falta das noites de heroísmo.

Malin Akerman (Laurie Júpiter/Espectral II) é o elo fraco da corrente. Eu já sabia. Todo mundo sabia. Ela é linda, mas foi a única no elenco que eu gostaria que tivesse feito mais. Por sorte, o papel de Laurie é o de uma menina que nunca passou da fase de “aborrecente”, reclamona e sem muito conteúdo, então Akerman consegue convencer em algumas cenas, mas não espere dela nenhuma interpretação “Streepniana” nas cenas mais emotivas.

Matthew Goode (Adrian Veidt/Ozymandias) foi muito criticado e provavelmente o que os fãs menos aprovaram, mas eu acho que ele trouxe uma verdade para um personagem muito difícil. Me senti mais ligado ao Ozymandias do filme do que eu nunca senti pelo da revista. Goode entende o personagem e dá a ele um ar de estrela de roque, que desfila pela vida olhando para o resto dos seres inferiores que o cercam.

Billy Crudup (Dr. Manhattan/Jon Osterman) aparece pouco no filme em sua própria carne, mas suas feições perfeitamente reproduzidas por computador dão alma ao único herói com superpoderes de Watchmen - O Filme. Eu gostei muito do que Crudup faz aqui, sempre imaginei a voz do Dr. Manhattan como uma voz superpotente e amplificada, mas a voz suave e fraca de Crudup dá ao superherói uma disconectividade de um professor de física com pósdoutorado obrigado a ensinar física quântica a uma turma de primeira série.

Jeffrey Dean Morgan (Eddie Blake/O Comediante) é quem sai desse filme como uma nova estrela. O ator, conhecido apenas da TV, dá uma sensibilidade ao personagem que as
palavras no quadrinho não conseguem. Como você faz para que o público se importe com um personagem que o próprio capitão Nascimento chamaria de fascista, que bate em mulheres, estupra, mata criancinhas? Você chama Morgan para interpretá-lo, pois isso é exatamente o que ele faz aqui. Ele é um homem podre, mas incrivelmente charmoso.

Jackie Earle Haley (Rorschach/Walter Kovacs) é Rorschach. Ele deixa o público sem palavras perante seu retrato do vigilante psicótico que narra a maior parte da história. Haley faz o maior fã de Watchmen acreditar que Dave Gibbons ilustrou o personagem pensando nele vinte e dois anos depois, da maneira como ele toma esse personagem. Sem dúvida esse trabalho firmará a carreira do antigo ator infantil como um grande ator de personagens. As cenas mais memoráveis e aplaudidas do filme se dão quando Haley, enlouquecidamente, grita pela seu rosto, após a polícia ter arrancado a máscara de Rorschach; quando ele professa a fala tirada da própria revista avisando os outros detentos “eu não estou preso aqui com vocês, vocês estão presos aqui comigo!”, e quando ele vai ao banheiro atrás da Grande Figura. Memorável.

Se tem uma coisa que eu não estou 100% certo quanto ao filme é a trilha sonora. Acho que em certas músicas Snyder acertou em cheio, como é o caso de “Times They Are A-Changing” de Bob Dylan na abertura do filme, de "Unforgettable" de Nat King Cole durante a execução do Comediante, ou de “All Above The Watchtower” do mesmo Dylan, mas na versão de Jimi Hendrix marcando com perfeição o início do terceiro ato. Por outro lado, “Sound of Silence” de Simon & Garfunkel na cena do enterro e “Hallelujah”, celebrando o coito aéreo entre o Coruja e Espectral, parecem extremamente piegas e dão ar de filme de YouTube ao longa. E ninguém mais deveria usar “Pirate Jenny” sob uma cena no Vietnã, acho que se “Hallelujah” e “Pirate Jenny” tivessem sido trocadas de lugar elas funcionariam melhor.

O motivo que o diretor deu por ter usado a última música na cena do Vietnã é porque um trecho dela aparece no livro original, já que a música menciona a Black Freighter, navio pirata da opereta original, e na revista em quadrinho na qual o filme é baseado existe um personagem que lê uma revista chamada “The Tales of the Black Freighter”, que conta uma história de um náufrago que ultrapassa todos os tipos de desafios para voltar para casa e salvar a mulher e filha de piratas que estão a caminho para matá-las, mas o náufrago acaba acidentalmente matando as duas e depois se uni aos piratas. A história em quadrinhos dentro da história em quadrinhos seria uma crítica direta a ação americana na guerra do Vietnã.

Finalmente, eu assisti ao filme sendo fã da obra original, com um amigo que gosta de quadrinhos, mas nunca leu a obra, e minha namorada que nunca leu quadrinhos. E o filme funciona para todos os públicos. Todavia, não vá ao cinema achando que verá um filme de superheróis qualquer, ou um filme como Batman – O Cavaleiro das Trevas. Não é o caso. Enquanto o último filme do morcegão se esforçava para mostrar como seria um superherói no nosso mundo, Watchmen – O Filme, mostra como o mundo seria caso houvessem superheróis.

terça-feira, 3 de março de 2009

Filmografia de Danny Boyle



Enquanto o grupo especial tomava a Marquês de Sapucaí no domingo, dia 22 de fevereiro, Danny Boyle subia no palco do Kodak Theater, em Los Angeles, para receber o Oscar de Melhor Diretor do ano. E o mundo parou e perguntou, quem é Danny Boyle, mesmo? Afinal, o cineasta britânico é um daqueles que o grande público não lembra o nome, embora seus trabalhos não sejam tão desconhecidos. Seus filmes, no entanto, sempre foram preferidos entre o público cult (ah! odeio essa expressão, mas é a que melhor me serve).

O primeiro filme longa metragem de Boyle foi o favorito cult Cova Rasa, o filme foi adorado pelos críticos e recebeu diversos prêmios, além de ter sido o primeiro grande papel de Ewan McGregor no cinema. A dupla Boyle e McGregor continuou junta por mais duas obras, consecutivamente, Trainspotting, o filme que mostrou como nenhum outro, até então, a geração dos jovens ingleses que viviam de raves, sexo e drogas, e o fantástico Por Uma Vida Menos Ordinária, no qual McGregor faz par romântico com Cameron Diaz, mas são os “anjos” Holly Hunter e Delroy Lindon que roubam a cena. Se você ainda não viu esse filme corra para a locadora.

Hollywood já havia procurado Danny Boyle para que dirigisse o quarto filme da série Alien depois de Trainspotting, mas o diretor negou. Agora era hora dele se aventurar na Meca do cinema industrial. O projeto escolhido foi A Praia, estrelado pela maior estrela do cinema na época, Leonardo DiCaprio. Porém, o filme foi um fracasso de crítica e público. Além de ter sido atacado por ambientalistas, pois a Fox, produtora do filme, teria alterado a paisagem natural da locação para que a praia parecesse mais paradisíaca.

Boyle, então, voltou para a Inglaterra onde filmou dois filmes para a BBC e um curta metragem, Alien Love Triangle. Seu retorno para o cinema comercial foi Extermínio, um filme ficção científica sobre um homem que acorda de um coma em uma Londres tomada por zumbis. O filme de baixo orçamento foi um grande sucesso nas bilheterias mundiais e aclamado pela crítica. Extermínio já gerou uma sequência e uma mais está em fase de préprodução. O filme também lançou o ator Cillian Murphy internacionalmente, ele mais tarde viria a ser o Espantalho de Batman Begins.

Para seguir o terror de Extermínio, Danny Boyle fez um filme inglês para toda a família, Millions foi um grande sucesso de crítica, sendo aclamado um dos melhores do ano, e também de público. E Boyle mudou completamente seu foco, mais uma vez, ao fazer Sunshine, Alerta Solar, um filme que mistura aventura, ficção científica e filme de arte, e o reuniu com o ator Cillian Murphy. O filme foi um fracasso de bilheteria, apesar de ter tido criticas razoavelmente boas.

E depois de Sunshine, Alerta Solar, o cineasta resolveu fazer um filme inglês no país onde mais se produz filmes no mundo, a Índia. Quem Quer Ser um Milionário, baseado no romance “Q&A”, do autor e diplomata indiano Vikas Swarup, virou uma febre no circuito de festivais do ano passado e o grande vencedor dos Oscars desse ano, inclusive o de Melhor Filme e Diretor para Danny Boyle.


Então, esse é Danny Boyle, um cineasta que se manteve afastado de Hollywood, fazendo filmes de humor negro, zumbis e no espaço, teve tantos fracassos quantos sucessos, se manteve um favorito cult e acabou sendo considerado o melhor diretor do ano pela indústria que ele negou.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Crítica do filme "Milk - A Voz da Igualdade"


Milk – A Voz da Igualdade é o mais recente filme do diretor Gus Van Sant, que conta a história do ativista gay Harvey Milk, o primeiro homossexual a ser eleito a um cargo do governo norte americano. O diretor, assumidamente homossexual, teve seus primeiros sucessos no cinema independente e de arte dos Estados Unidos no final dos anos 80 com Drugstore Cowboy, e seguiu com o aclamado My Own Private Idaho, estrelado pelos jovens River Phoenix e Keanu Reeves. Van Sant continuou ativo pelos anos que seguiram, mas o sucesso com o grande público veio com Gênio Indomável, o veículo que lançaria também Matt Damon e Ben Affleck para a fama, com o roteiro premiado pela academia escrito pelos próprios, e daria a Robin Williams a consagração com o Oscar de ator coadjuvante.

Em seguida Gus Van Sant cometeu um dos maiores equívocos da história recente do cinema ao refilmar o clássico Psicose de Hitchcock, quadro por quadro, mas em cor. Sem agradar o público ou a crítica com Psicose ou o esquecível Encontrando Forrester, o diretor voltou as raízes do cinema independente e de arte com filmes como Gerry, o estudo narrativo que é Elefante, e a homenagem a Kurt Cobain de Last Days. Agora com Milk – A Voz da Igualdade, vemos o Gus Van Sant de Gênio Indomável de volta. Seguro em sua narrativa, sabendo qual a história que está contando, poético e talentoso.

A história do personagem título é inspiradora, alguém que sabia o que queria e entendia o que era preciso para conseguir. Harvey Milk foi um líder que teria sem dúvida avançado muito ainda em sua carreira política, não tivesse sua vida sido interrompida tão cedo.

Para começar, falemos de Josh Brolin, é fácil para um ator mostrar a força e coragem de um herói, mas para passar o medo e fraqueza de Dan White, o oponente de Milk, é preciso ser um grande ator. E é isso que Brolin é. Esse era o ano do Coringa, não há como se discutir isso. Heath Ledger criou um personagem vibrante e icônico, não apenas uma caricatura, mas um personagem completamente fantástico que funciona em diversas camadas. Mas se não fosse pelo Coringa de Ledger, Brolin teria levado uma estatueta dourada para casa no domingo de carnaval.

Mas não vamos nos sentir tão mal por Josh Brolin, afinal de contas, nos últimos dois anos, ele teve talvez a carreira mais interessante de Hollywood. Aparecendo em 2007 no cult Planeta Terror que fez parte do Grindhouse de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, tentando escapar de Javier Barden no melhor filme do ano (segundo a academia) Onde os Fracos Não tem Vez, no filme de guerra No Vale das Sombras de Paul Haggis, e como o melhor personagem do filme O Gângster de Riddley Scott, o Detetive Trupo. Em 2008, foi ninguém menos que o então presidente americano George Bush em W. de Oliver Stone e, então, viveu Dan White no filme que comentamos. E o futuro parece promissor para Brolin que já foi anunciado para o papel principal do próximo projeto de Woody Allen, com quem trabalhou em Melinda e Melinda. Sem contar que ele estava nos GOONIES!!!! Realmente, o ator não pode reclamar.

E finalmente o homem que foi Milk, Sean Penn.


Penn é provavelmente o melhor ator de sua geração. Suas atuações são inspiradas e instigantes, quem não torceu por seu Sam de Uma Lição de Amor, ou sentiu a dor do ex-mafioso de Sobre Meninos e Lobos, ou se impressionou com o presidiário de Os Últimos Passos de um Homem, ou sofreu com o homem de 21 Gramas? Enfim, a lista de trabalhos absolutamente incríveis de Penn são muitos para se comentar, e voltam até o surfista chapado Spicolli de Picardias Estudantis de 1982. E no domingo, dia 22, o astro ganhou, mais uma vez, merecidamente o Oscar de melhor ator.

Muitos falaram que Mickey Rourke merecia ter ganho prêmio, inclusive eu, mas isso foi antes de ver a tour de force de Penn. O papel de Rourke em O Lutador é sublime, mas é Rourke! O cara que já teve fama e fortuna, mas estragou e perdeu tudo, é Rourke! Mas Milk não é Penn. E por isso ele mereceu o prêmio e não Rourke. Sean Penn não é Harvey Milk, mas pelas duas horas do filme, ele faz você acreditar no contrário. Não tenho dúvida que os dois são grandes atores, e grandes amigos, mas Sean Penn foi o melhor esse ano.

Vale também dizer que todo o elenco de apoio do filme é brilhante! Qualquer coadjuvante desse filme não só pode, como já carrega seus próprios filmes. Vale citar em especial James Franco no papel de Scotty, parceiro de Milk, Emile Hirch como Cleve Jones, ativista político, e Diego Luna como o descontrolado namorado de Milk, Jack.

Vá ver Milk – A Voz da Igualdade! Reflita sobre a história do político, mas ainda mais, reflita sobre a mensagem que ele deixou. Essa é a melhor maneira de celebrar sua memória.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Oscar 2009




Em meio ao nosso Carnaval, os grandes astros do cinema mundial se reúnem para a maior festa do cinema industrial, o prêmio da Academy of Motion Pictures Arts and Science, os Oscars!
A festa, em sua octogésima primeira edição, será apresentada pelo galã Hugh Jackman, o Wolverine! Ótimo número de abertura!! Jackman é melhor que o esperado.

*os vencedores estarão em negrito e as minhas escolhas em itálico.


81º Oscars


Jerry Lewis ganha o prêmio humanitário Jean Hersholt.


Melhor Atriz Coadjuvante

Amy Adams – “Dúvida”
Penélope Cruz – “Vicky Christina Barcelona”
Viola Davis – “Dúvida”
Taraji P. Henson – “O Curioso Caso de Benjamin Button”
Marisa Tomei – “O Lutador”

Melhor Roteiro Original

“Rio Congelado” – Courtney Hunt
“Simplesmente Feliz” – Mike Leigh
“Na Mira do Chefe” – Martin McDonagh
“Milk – A Voz da Igualdade” – Dustin Lance Black
“WALL-E” – Andrew Stanton, Jim Reardon e Pete Docter

Melhor Roteiro Adaptado

“O Curioso Caso de Benjamin Button” – Eric Roth e Robin Swicord
“Dúvida” – John Patrick Shanley
“Frost/Nixon” – Peter Morgan
“O Leitor” – David Hare
“Quem Quer Ser um Milionário?” – Simon Beaufoy

Melhor Filme de Animação

“Bolt – Supercão”
“Kung Fu Panda”
“WALL-E”

Melhor Filme Curta Metragem de Animação

“La Maison em Petits Cubes”
“Lavatory-Lovestory”
“Oktapodi”
“Presto”
“This Way Up”

Melhor Direção de Arte

“A Troca”
“O Curioso Caso de Benjamin Button”
“Batman – O Cavaleiro das Trevas”
“A Duquesa”
“Foi Apenas um Sonho”

Melhor Figurino

“Austrália”
“O Curioso Caso de Benjamin Button”
“A Duquesa”
“Milk - A Voz da Igualdade”
“Foi Apenas um Sonho”

Melhor Maquiagem

“O Curioso Caso de Benjamin Button”
“Batman – O Cavaleiro das Trevas”
“Hellboy II: O Exército Dourado”

Melhor Cinematografia

“A Troca”
“O Curioso Caso de Benjamin Button”
“Batman – O Cavaleiro das Trevas”
“O Leitor”
“Quem Quer Ser um Milionário?”

Melhor Filme Curta Metragem

“Auf Der Strecke”
“Manon on the Asphalt”
“New Boy”
“The Pig”
“Spielzeugland”

Melhor Ator Coadjuvante

Josh Brolin – “Milk - A Voz da Igualdade”
Robert Downey Jr. – “Trovão Tropical”
Philip Seymour Hoffman – “Dúvida”
Heath Ledger – “Batman – O Cavaleiro das Trevas”
Michael Shannon – “Foi Apenas um Sonho”

Melhor Documentário

“Nerakhoon”
“Encounters at the End of the World”
“The Garden”
“Man on Wire”
“Trouble Water”

Melhor Documentário Curta Metragem

“The Conscience of Nhem En”
“The Final Inch”
“Smile Pinki”
“The Witness – From the Balcony of Room 306”

Melhores Efeitos Visuais

“O Curioso Caso de Benjamin Button”
“Batman – O Cavaleiro das Trevas”
“Homem-de-Ferro”

Melhor Edição de Som

“Batman – O Cavaleiro das Trevas”
“Homem-de-Ferro”
“Quem Quer Ser um Milionário?”
“WALL-E”
“O Procurado”

Melhor Mixagem de Som

"O Curioso Caso de Benjamin Button"
"Batman - O Cavaleiro das Trevas"
"Quem Quer Ser um Milionário?"
"WALL-E"
"O Procurado"

Melhor Edição

“O Curioso Caso de Benjamin Button”
“Batman – O Cavaleiro das Trevas”
“Frost/Nixon”
“Milk - A Voz da Igualdade”
“Quem Quer Ser um Milionário?”

Melhor Trilha Sonora

“O Curioso Caso de Benjamin Button” – Alexandre Desplat
“Defiance” – James Newton Howard
“Milk – A Voz da Igualdade” – Danny Elfman
“Quem Quer Ser um Milionário?” – A.R. Rahman
“WALL-E” – Thomas Newman

Melhor Canção Original

“Down to Earth” – Peter Gabriel e Thomas Newman (“WALL-E”)
“Jai Ho” – A.R. Rahman e Gulzar (“Quem Quer Ser um Milionário?”)
“O Saya” - A.R. Rahman e Maya Arulpragasam (“Quem Quer Ser um Milionário?”)

Melhor Filme de Língua Estrangeira

“Der Baader Meinhof Komplex” – Alemanha
“Entre les Murs” – França
“Okuribito” – Japão
“Revanche” – Áustria
“Waltz with Bashir” – Israel

Melhor Direção

“O Curioso Caso de Benjamin Button” – David Fincher
“Frost/Nixon” – Ron Howard
“Milk - A Voz da Igualdade” – Gus Van Sant
“O Leitor” – Stephen Daldry
“Quem Quer Ser um Milionário?” – Danny Boyle

Melhor Atriz

Anne Hathaway – “Rachel Vai Casar”
Angelina Jolie – “A Troca”
Melissa Leo – “Rio Congelado”
Meryl Streep – “Dúvida”
Kate Winslet – “O Leitor”

Melhor Ator

Richard Jenkins – “The Visitor”
Frank Langella – “Frost/Nixon”
Sean Penn – “Milk - A Voz da Igualdade”
Brad Pitt – “O Curioso Caso de Benjamin Button”
Mickey Rourke – “O Lutador”

Melhor Filme

“O Curioso Caso de Benjamin Button”
“Frost/Nixon”
“Milk – A Voz da Igualdade”
“O Leitor”
“Quem Quer Ser um Milionário?”

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Quis custodiet ipsos custodes?




Em 1986 e ‘87 a DC Comics lançou a minissérie Watchmen, escrita pelo incrivelmente inspirado, e também rabugento, Alan Moore e ilustrada por Dave Gibbons. A série discutia as conseqüências que superheróis teriam no nosso mundo se fosse verdade. Nela, os heróis tem falhas morais, sonhos, medos e desejos como qualquer pessoa normal. Watchmen foi um sucesso que revolucionou a maneira de se fazer e ler quadrinhos e, até hoje, é a única revista em quadrinhos a entrar na lista da revista americana Time como uma das obras literárias mais importantes da história.

E com o enorme sucesso da revista, logo começaram a falar em um filme. Lembremos que é em 1987 que sai o quarto, e terrível, filme da série Super-Homem com Christopher Reeves e em 1989 sairia o Batman de Tim Burton, então filmes de superheróis já estavam na cabeça dos produtores hollywoodianos.

Em 1988, os produtores Lawrence Gordon e Joel Silver compram os direitos para que o filme fosse feito e distribuído pela Fox. Primeiramente, Gordon e Silver tentaram chamar o autor da série, Moore, para escrever o roteiro. Digamos apenas que Moore não é amigável a Hollywood.

O filme rodou pela Fox sendo escrito e reescrito até que em 1991 Watchmen passou para a Warner Bros., que assinou Terry Gilliam, diretor de Brazil, o Filme e Os 12 Macacos, como diretor e o roteiro mais uma vez foi ser reescrito. Dessa vez, Gilliam e Silver não conseguiram financiar o filme e Gilliam abandonou o projeto dizendo que o Watchmen era “infilmável”, ele disse que se a história fosse reduzida para um filme de duas horas e meia perderia a sua essência. Logo em seguida, a Warner Bros. abandonou o projeto. Gordon ainda convidou Gilliam de volta para fazer o filme independente, mas o cineasta recusou, acreditando que Watchmen seria melhor contado como uma minissérie de cinco horas.

Em 1997, já um ávido leitor de quadrinhos, eu leria Watchmen pela primeira vez. Quadrinhos nunca mais foram os mesmos.

O filme permaneceu sem casa durante os anos que seguiram, embora o produtor Lawrence Gordon continuasse acreditando no projeto. Em 2001, Gordon se uniu ao produtor Lloyd Levin e levou o filme para os estúdios da Universal, onde foi trazido David Hayter, roteirista do grande sucessso do ano anterior e responsável pela nova onda de filmes de superheróis X-Men, para servir de roteirista e diretor. Após disputas de poder e brigas, os produtores e Hayter deixaram a Universal e levaram Watchmen com eles. Gordon e Levin tentaram, então, levar o filme para o Revolution Studios, mas o estúdio de menor porte não conseguiu manter o projeto andando.

Em 2004, foi anunciado que a Paramount Pictures iria produzir o filme com Darren Aronofsky, dos geniais Réquiem para um Sonho e O Lutador, dirigindo o roteiro escrito por Hayter. Mas Aronofsky abandonou o projeto para focar no filme A Fonte da Vida. Paul Greengrass, Vôo United 93 e os dois últimos filmes da série Bourne, substituiria Aronofsky na direção, mas a Paramount logo desistiu do projeto e Watchmen voltou para o limbo cinematográfico.

Os produtores, em 2005, retornaram com o projeto para a Warner Bros., ainda com Paul Greengrass. A idéia era de atualizar a estória, que na revista se passa em 1985 e lida com a Guerra Fria, para os dias atuais e as tensões com terroristas. Felizmente, Greengrass desistiu do projeto e o roteiro ficou perdido pelos corredores da Warner. Em 2007, outro filme baseado em uma minissérie de quadrinhos teve uma adaptação cinematográfica e fez um tremendo sucesso. O filme foi 300, dirigido por Zack Snyder. Um nerd confesso e fã de quadrinhos, Snyder usou ilustrações da série original como storyboards e fez do filme uma verdadeira febre. Logo, o diretor foi chamado pelos executivos da Warner que lhe ofereceram Watchmen para ser seu próximo projeto.

Snyder trouxe o roteirista Alex Tse, que usou partes do roteiro de Hayter e se manteve fiel à estória original dos quadrinhos, e atores não muito reconhecíveis para viver os personagens icônicos.




Mas não pense que a saga de Watchmen acaba aí. Antes mesmo dos primeiros quadros de celulóide rodarem, o autor Alan Moore foi à imprensa e disse que era contra o filme, que acreditava que Watchmen era uma estória que funcionava como quadrinhos e ponto, e disse que não queria nem receber os direitos autorais pela obra, passando a parte que lhe era devida ao desenhista Dave Gibbons.

Pouco depois do término da fotografia principal do filme, a Fox, estúdio que comprara os direitos em 1988, entrou com um processo alegando que ainda detinha os direitos de distribuição sobre a adaptação da minissérie e pretendia impedir a distribuição do filme feito pela Warner Bros. Os dois estúdios firmaram um acordo após o juiz de primeira instância dar um veredicto favorável a Fox.

Uma história em quadrinho feita há mais de vinte anos atrás mudou a maneira como os quadrinhos são feitos e como os superheróis são vistos. Finalmente, depois de vinte e um anos de trabalho, Watchmen chegará aos cinemas no dia 6 de março de 2009.

O poeta romano Juvenal disse, quis custodiet ipsos custodes?, Alan Moore traduziu para who watches the watchmen? ou “quem vigia os vigilantes?”. Sabe quem? Em 6 de março, o mundo todo.





terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Crítica do filme "Dúvida"



Baseado na peça teatral homônima, escrita por John Patrick Shanley, e roteirizada para o cinema e dirigida pelo próprio Shanley, Dúvida conta a história de uma freira responsável por uma escola católica dos EUA dos anos cinqüenta, que suspeita que o pároco tenha abusado do primeiro aluno negro da mesma escola.

O roteiro de Dúvida é fortíssimo, e sem ser apelativo ou ultracrítico, é simplesmente muito bem escrito. E o roteiro é ainda elevado por dois atores que são, possivelmente, os melhores de suas gerações,
Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman. Streep vive a freira megera que acusa o padre vivido por Hoffman. E servindo de pivô da trama, Amy Adams está muito bem como a irmã James, uma jovem freira que é colocada no meio dessa disputa.

Apesar do elenco estrelar, continuo afirmando que a verdadeira estrela de Dúvida é o roteiro que é cheio de significado até no título. A direção de Shanley também vale ser comentada, alguns dos ângulos escolhidos para cenas de diálogo são mais comuns de serem vistos em filmes de ação, mas acho que foram bem utilizados aqui para mostrar a tensão entre as personagens.

A curiosidade é que o último filme dirigido por John Patrick Shanley foi Joe Contra o Vulcão, a comédia romântica de 1990 com Tom Hanks e Meg Ryan.

Finalmente, a Dúvida do filme, seja a crise de fé das personagens ou a dúvida não respondida se houve realmente ou não o abuso do menino pelo padre, mas não resta dúvida de que o filme deve ser assistido e estudado por qualquer um que tenha interesse em cinema e dramaturgia.

Dúvida estreou no Brasil no fim de semana passado e ainda está em cartaz.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Crítica do filme "O Lutador"


Como uma criança dos anos 80, me lembro bem de chegar em casa da escola e ligar a televisão para ver os heróis e bandidos do Telecat se batendo dentro de um ringue e de tentar imitar os movimentos no meu sofá. O novo filme de Darren Aronofsky propõe uma visita a um desses heróis que, apesar do sucesso, fracassaram na vida e não conseguiram ou souberam parar.

Aronofsky é conhecido de qualquer cinéfilo pelos filmes Pi e Réquiem para um Sonho, se você não os assistiu corra para a locadora, mas é gratificante vê-lo sendo finalmente celebrado pelo grande diretor que é. Seria fácil para um filme sobre esse tema se tornar algo piegas, ou cair no erro de tornar suas personagens nas caricaturas unidimensionais que os lutadores interpretam no ringue. Porém, o filme é muito mais que isso. O Lutador é uma obra extremamente humana sobre amor, dor e glória.

O filme conta a história de Randy “The Ram” Robinson, um lutador de luta livre que teve fama e glória nos anos 80, que vive em um trailer e paga suas contas, quase sempre, com o dinheiro que ganha em exibições de luta livre em estádios pequenos e em bicos que faz no supermercado local. Randy é um homem grande e mal encarado, porém super simpático e carinhoso. É como um grande menino. Ele se interessa por Cassidy, uma stripper a quem conta todos os seus sonhos e as histórias de suas grandes vitórias.


O elenco, outrora estelar do filme, conta com grandes atores dos anos 80, que como o próprio personagem principal, já viram dias melhores. Mickey Rourke, de 9 semanas e ½ de Amor, vive de forma brilhante o papel de “The Ram”, ele está impecável e o papel já lhe rendeu um Globo de Ouro e o Bafta de melhor ator, e provavelmente também levará o tão cobiçado Oscar. No papel de Cassidy, Marisa Tomei brilha na tela como uma stripper crível e carismática por quem não podemos evitar sentir simpatia.

A imprensa mundial vem chamando O Lutador como o filme que resgatou a carreira de Rourke, na minha opinião, o filme que fez isso foi Sin City, de Robert Rodriguez, onde ele interpreta o grandalhão Marv, também vale conferir.

O Lutador estréia no Brasil no próximo fim de semana e vale a pena ser conferido, pela simplicidade de sua linguagem narrativa, a beleza da sua história e pelo elenco que não é nada aquém de extraordinário.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Crítica do filme "O Curioso Caso de Benjamin Button"



Baseado no conto de F. Scott Fitzgerald, O Curioso Caso de Benjamin Button marca a terceira parceria entre o ator Brad Pitt e o diretor David Fincher, depois de Se7en – Os Sete Crimes Capitais e de Clube da Luta. Com a ajuda do astro, Fincher volta a ser celebrado após o pouco sucesso de Quarto do Pânico e Zodíaco.

O filme conta a história de Benjamin Button, um homem que nasce com uma peculiar doença que faz com que seus anos passem ao contrário, ou seja, ao invés de envelhecer, Benjamin fica com aparência mais jovem com o passar dos anos. Abandonado por seu pai nos degraus de um asilo de idosos ao nascer, Benjamin é criado por Queenie, a responsável pelo asilo vivida pela brilhante Taraji P. Henson, em meio aos idosos habitantes da casa. Lá, Benjamin conhece Daisy a neta de uma das habitantes, que crescerá na bailarina vivida por Cate Blanchet.

Em primeira análise, o filme conta a linda história do amor improvável, se não impossível, de Benjamin e Daisy. Mas na verdade, O Curioso Caso de Benjamin Button conta uma história sobre perdas. E não só isso, mas perdas inevitáveis. A perda de tempo, a perda de pessoas, a perda de oportunidades e, inevitavelmente, a perda da vida.

Tecnicamente, a obra de Fincher é impecável. Cláudio Miranda, que já havia trabalhado com o diretor em Se7en – Os Sete Crimes Capitais, Clube da Luta e Zodíaco fazendo fotografia adicional, agora assume a fotografia do filme que é simplesmente linda e marcante, a luz é perfeita. Assim também é a trilha que marca o filme.

Embora a narrativa do filme seja em sua maioria bastante sóbria e clássica, que em pontos lembra filmes como Forrest Gump – O Contador de Histórias, sente-se bem o dedo de David Fincher em pontuais como pequenos flashbacks que servem para ilustrar o passado de alguns personagens secundários e para trazer um pouco de humor à trama. No fim das contas, esse é um filme que deve ser visto. E por mais que não goste do termo, arrisco até a dizer que esse é um novoclássico.