quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Crítica do filme "Milk - A Voz da Igualdade"


Milk – A Voz da Igualdade é o mais recente filme do diretor Gus Van Sant, que conta a história do ativista gay Harvey Milk, o primeiro homossexual a ser eleito a um cargo do governo norte americano. O diretor, assumidamente homossexual, teve seus primeiros sucessos no cinema independente e de arte dos Estados Unidos no final dos anos 80 com Drugstore Cowboy, e seguiu com o aclamado My Own Private Idaho, estrelado pelos jovens River Phoenix e Keanu Reeves. Van Sant continuou ativo pelos anos que seguiram, mas o sucesso com o grande público veio com Gênio Indomável, o veículo que lançaria também Matt Damon e Ben Affleck para a fama, com o roteiro premiado pela academia escrito pelos próprios, e daria a Robin Williams a consagração com o Oscar de ator coadjuvante.

Em seguida Gus Van Sant cometeu um dos maiores equívocos da história recente do cinema ao refilmar o clássico Psicose de Hitchcock, quadro por quadro, mas em cor. Sem agradar o público ou a crítica com Psicose ou o esquecível Encontrando Forrester, o diretor voltou as raízes do cinema independente e de arte com filmes como Gerry, o estudo narrativo que é Elefante, e a homenagem a Kurt Cobain de Last Days. Agora com Milk – A Voz da Igualdade, vemos o Gus Van Sant de Gênio Indomável de volta. Seguro em sua narrativa, sabendo qual a história que está contando, poético e talentoso.

A história do personagem título é inspiradora, alguém que sabia o que queria e entendia o que era preciso para conseguir. Harvey Milk foi um líder que teria sem dúvida avançado muito ainda em sua carreira política, não tivesse sua vida sido interrompida tão cedo.

Para começar, falemos de Josh Brolin, é fácil para um ator mostrar a força e coragem de um herói, mas para passar o medo e fraqueza de Dan White, o oponente de Milk, é preciso ser um grande ator. E é isso que Brolin é. Esse era o ano do Coringa, não há como se discutir isso. Heath Ledger criou um personagem vibrante e icônico, não apenas uma caricatura, mas um personagem completamente fantástico que funciona em diversas camadas. Mas se não fosse pelo Coringa de Ledger, Brolin teria levado uma estatueta dourada para casa no domingo de carnaval.

Mas não vamos nos sentir tão mal por Josh Brolin, afinal de contas, nos últimos dois anos, ele teve talvez a carreira mais interessante de Hollywood. Aparecendo em 2007 no cult Planeta Terror que fez parte do Grindhouse de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, tentando escapar de Javier Barden no melhor filme do ano (segundo a academia) Onde os Fracos Não tem Vez, no filme de guerra No Vale das Sombras de Paul Haggis, e como o melhor personagem do filme O Gângster de Riddley Scott, o Detetive Trupo. Em 2008, foi ninguém menos que o então presidente americano George Bush em W. de Oliver Stone e, então, viveu Dan White no filme que comentamos. E o futuro parece promissor para Brolin que já foi anunciado para o papel principal do próximo projeto de Woody Allen, com quem trabalhou em Melinda e Melinda. Sem contar que ele estava nos GOONIES!!!! Realmente, o ator não pode reclamar.

E finalmente o homem que foi Milk, Sean Penn.


Penn é provavelmente o melhor ator de sua geração. Suas atuações são inspiradas e instigantes, quem não torceu por seu Sam de Uma Lição de Amor, ou sentiu a dor do ex-mafioso de Sobre Meninos e Lobos, ou se impressionou com o presidiário de Os Últimos Passos de um Homem, ou sofreu com o homem de 21 Gramas? Enfim, a lista de trabalhos absolutamente incríveis de Penn são muitos para se comentar, e voltam até o surfista chapado Spicolli de Picardias Estudantis de 1982. E no domingo, dia 22, o astro ganhou, mais uma vez, merecidamente o Oscar de melhor ator.

Muitos falaram que Mickey Rourke merecia ter ganho prêmio, inclusive eu, mas isso foi antes de ver a tour de force de Penn. O papel de Rourke em O Lutador é sublime, mas é Rourke! O cara que já teve fama e fortuna, mas estragou e perdeu tudo, é Rourke! Mas Milk não é Penn. E por isso ele mereceu o prêmio e não Rourke. Sean Penn não é Harvey Milk, mas pelas duas horas do filme, ele faz você acreditar no contrário. Não tenho dúvida que os dois são grandes atores, e grandes amigos, mas Sean Penn foi o melhor esse ano.

Vale também dizer que todo o elenco de apoio do filme é brilhante! Qualquer coadjuvante desse filme não só pode, como já carrega seus próprios filmes. Vale citar em especial James Franco no papel de Scotty, parceiro de Milk, Emile Hirch como Cleve Jones, ativista político, e Diego Luna como o descontrolado namorado de Milk, Jack.

Vá ver Milk – A Voz da Igualdade! Reflita sobre a história do político, mas ainda mais, reflita sobre a mensagem que ele deixou. Essa é a melhor maneira de celebrar sua memória.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Oscar 2009




Em meio ao nosso Carnaval, os grandes astros do cinema mundial se reúnem para a maior festa do cinema industrial, o prêmio da Academy of Motion Pictures Arts and Science, os Oscars!
A festa, em sua octogésima primeira edição, será apresentada pelo galã Hugh Jackman, o Wolverine! Ótimo número de abertura!! Jackman é melhor que o esperado.

*os vencedores estarão em negrito e as minhas escolhas em itálico.


81º Oscars


Jerry Lewis ganha o prêmio humanitário Jean Hersholt.


Melhor Atriz Coadjuvante

Amy Adams – “Dúvida”
Penélope Cruz – “Vicky Christina Barcelona”
Viola Davis – “Dúvida”
Taraji P. Henson – “O Curioso Caso de Benjamin Button”
Marisa Tomei – “O Lutador”

Melhor Roteiro Original

“Rio Congelado” – Courtney Hunt
“Simplesmente Feliz” – Mike Leigh
“Na Mira do Chefe” – Martin McDonagh
“Milk – A Voz da Igualdade” – Dustin Lance Black
“WALL-E” – Andrew Stanton, Jim Reardon e Pete Docter

Melhor Roteiro Adaptado

“O Curioso Caso de Benjamin Button” – Eric Roth e Robin Swicord
“Dúvida” – John Patrick Shanley
“Frost/Nixon” – Peter Morgan
“O Leitor” – David Hare
“Quem Quer Ser um Milionário?” – Simon Beaufoy

Melhor Filme de Animação

“Bolt – Supercão”
“Kung Fu Panda”
“WALL-E”

Melhor Filme Curta Metragem de Animação

“La Maison em Petits Cubes”
“Lavatory-Lovestory”
“Oktapodi”
“Presto”
“This Way Up”

Melhor Direção de Arte

“A Troca”
“O Curioso Caso de Benjamin Button”
“Batman – O Cavaleiro das Trevas”
“A Duquesa”
“Foi Apenas um Sonho”

Melhor Figurino

“Austrália”
“O Curioso Caso de Benjamin Button”
“A Duquesa”
“Milk - A Voz da Igualdade”
“Foi Apenas um Sonho”

Melhor Maquiagem

“O Curioso Caso de Benjamin Button”
“Batman – O Cavaleiro das Trevas”
“Hellboy II: O Exército Dourado”

Melhor Cinematografia

“A Troca”
“O Curioso Caso de Benjamin Button”
“Batman – O Cavaleiro das Trevas”
“O Leitor”
“Quem Quer Ser um Milionário?”

Melhor Filme Curta Metragem

“Auf Der Strecke”
“Manon on the Asphalt”
“New Boy”
“The Pig”
“Spielzeugland”

Melhor Ator Coadjuvante

Josh Brolin – “Milk - A Voz da Igualdade”
Robert Downey Jr. – “Trovão Tropical”
Philip Seymour Hoffman – “Dúvida”
Heath Ledger – “Batman – O Cavaleiro das Trevas”
Michael Shannon – “Foi Apenas um Sonho”

Melhor Documentário

“Nerakhoon”
“Encounters at the End of the World”
“The Garden”
“Man on Wire”
“Trouble Water”

Melhor Documentário Curta Metragem

“The Conscience of Nhem En”
“The Final Inch”
“Smile Pinki”
“The Witness – From the Balcony of Room 306”

Melhores Efeitos Visuais

“O Curioso Caso de Benjamin Button”
“Batman – O Cavaleiro das Trevas”
“Homem-de-Ferro”

Melhor Edição de Som

“Batman – O Cavaleiro das Trevas”
“Homem-de-Ferro”
“Quem Quer Ser um Milionário?”
“WALL-E”
“O Procurado”

Melhor Mixagem de Som

"O Curioso Caso de Benjamin Button"
"Batman - O Cavaleiro das Trevas"
"Quem Quer Ser um Milionário?"
"WALL-E"
"O Procurado"

Melhor Edição

“O Curioso Caso de Benjamin Button”
“Batman – O Cavaleiro das Trevas”
“Frost/Nixon”
“Milk - A Voz da Igualdade”
“Quem Quer Ser um Milionário?”

Melhor Trilha Sonora

“O Curioso Caso de Benjamin Button” – Alexandre Desplat
“Defiance” – James Newton Howard
“Milk – A Voz da Igualdade” – Danny Elfman
“Quem Quer Ser um Milionário?” – A.R. Rahman
“WALL-E” – Thomas Newman

Melhor Canção Original

“Down to Earth” – Peter Gabriel e Thomas Newman (“WALL-E”)
“Jai Ho” – A.R. Rahman e Gulzar (“Quem Quer Ser um Milionário?”)
“O Saya” - A.R. Rahman e Maya Arulpragasam (“Quem Quer Ser um Milionário?”)

Melhor Filme de Língua Estrangeira

“Der Baader Meinhof Komplex” – Alemanha
“Entre les Murs” – França
“Okuribito” – Japão
“Revanche” – Áustria
“Waltz with Bashir” – Israel

Melhor Direção

“O Curioso Caso de Benjamin Button” – David Fincher
“Frost/Nixon” – Ron Howard
“Milk - A Voz da Igualdade” – Gus Van Sant
“O Leitor” – Stephen Daldry
“Quem Quer Ser um Milionário?” – Danny Boyle

Melhor Atriz

Anne Hathaway – “Rachel Vai Casar”
Angelina Jolie – “A Troca”
Melissa Leo – “Rio Congelado”
Meryl Streep – “Dúvida”
Kate Winslet – “O Leitor”

Melhor Ator

Richard Jenkins – “The Visitor”
Frank Langella – “Frost/Nixon”
Sean Penn – “Milk - A Voz da Igualdade”
Brad Pitt – “O Curioso Caso de Benjamin Button”
Mickey Rourke – “O Lutador”

Melhor Filme

“O Curioso Caso de Benjamin Button”
“Frost/Nixon”
“Milk – A Voz da Igualdade”
“O Leitor”
“Quem Quer Ser um Milionário?”

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Quis custodiet ipsos custodes?




Em 1986 e ‘87 a DC Comics lançou a minissérie Watchmen, escrita pelo incrivelmente inspirado, e também rabugento, Alan Moore e ilustrada por Dave Gibbons. A série discutia as conseqüências que superheróis teriam no nosso mundo se fosse verdade. Nela, os heróis tem falhas morais, sonhos, medos e desejos como qualquer pessoa normal. Watchmen foi um sucesso que revolucionou a maneira de se fazer e ler quadrinhos e, até hoje, é a única revista em quadrinhos a entrar na lista da revista americana Time como uma das obras literárias mais importantes da história.

E com o enorme sucesso da revista, logo começaram a falar em um filme. Lembremos que é em 1987 que sai o quarto, e terrível, filme da série Super-Homem com Christopher Reeves e em 1989 sairia o Batman de Tim Burton, então filmes de superheróis já estavam na cabeça dos produtores hollywoodianos.

Em 1988, os produtores Lawrence Gordon e Joel Silver compram os direitos para que o filme fosse feito e distribuído pela Fox. Primeiramente, Gordon e Silver tentaram chamar o autor da série, Moore, para escrever o roteiro. Digamos apenas que Moore não é amigável a Hollywood.

O filme rodou pela Fox sendo escrito e reescrito até que em 1991 Watchmen passou para a Warner Bros., que assinou Terry Gilliam, diretor de Brazil, o Filme e Os 12 Macacos, como diretor e o roteiro mais uma vez foi ser reescrito. Dessa vez, Gilliam e Silver não conseguiram financiar o filme e Gilliam abandonou o projeto dizendo que o Watchmen era “infilmável”, ele disse que se a história fosse reduzida para um filme de duas horas e meia perderia a sua essência. Logo em seguida, a Warner Bros. abandonou o projeto. Gordon ainda convidou Gilliam de volta para fazer o filme independente, mas o cineasta recusou, acreditando que Watchmen seria melhor contado como uma minissérie de cinco horas.

Em 1997, já um ávido leitor de quadrinhos, eu leria Watchmen pela primeira vez. Quadrinhos nunca mais foram os mesmos.

O filme permaneceu sem casa durante os anos que seguiram, embora o produtor Lawrence Gordon continuasse acreditando no projeto. Em 2001, Gordon se uniu ao produtor Lloyd Levin e levou o filme para os estúdios da Universal, onde foi trazido David Hayter, roteirista do grande sucessso do ano anterior e responsável pela nova onda de filmes de superheróis X-Men, para servir de roteirista e diretor. Após disputas de poder e brigas, os produtores e Hayter deixaram a Universal e levaram Watchmen com eles. Gordon e Levin tentaram, então, levar o filme para o Revolution Studios, mas o estúdio de menor porte não conseguiu manter o projeto andando.

Em 2004, foi anunciado que a Paramount Pictures iria produzir o filme com Darren Aronofsky, dos geniais Réquiem para um Sonho e O Lutador, dirigindo o roteiro escrito por Hayter. Mas Aronofsky abandonou o projeto para focar no filme A Fonte da Vida. Paul Greengrass, Vôo United 93 e os dois últimos filmes da série Bourne, substituiria Aronofsky na direção, mas a Paramount logo desistiu do projeto e Watchmen voltou para o limbo cinematográfico.

Os produtores, em 2005, retornaram com o projeto para a Warner Bros., ainda com Paul Greengrass. A idéia era de atualizar a estória, que na revista se passa em 1985 e lida com a Guerra Fria, para os dias atuais e as tensões com terroristas. Felizmente, Greengrass desistiu do projeto e o roteiro ficou perdido pelos corredores da Warner. Em 2007, outro filme baseado em uma minissérie de quadrinhos teve uma adaptação cinematográfica e fez um tremendo sucesso. O filme foi 300, dirigido por Zack Snyder. Um nerd confesso e fã de quadrinhos, Snyder usou ilustrações da série original como storyboards e fez do filme uma verdadeira febre. Logo, o diretor foi chamado pelos executivos da Warner que lhe ofereceram Watchmen para ser seu próximo projeto.

Snyder trouxe o roteirista Alex Tse, que usou partes do roteiro de Hayter e se manteve fiel à estória original dos quadrinhos, e atores não muito reconhecíveis para viver os personagens icônicos.




Mas não pense que a saga de Watchmen acaba aí. Antes mesmo dos primeiros quadros de celulóide rodarem, o autor Alan Moore foi à imprensa e disse que era contra o filme, que acreditava que Watchmen era uma estória que funcionava como quadrinhos e ponto, e disse que não queria nem receber os direitos autorais pela obra, passando a parte que lhe era devida ao desenhista Dave Gibbons.

Pouco depois do término da fotografia principal do filme, a Fox, estúdio que comprara os direitos em 1988, entrou com um processo alegando que ainda detinha os direitos de distribuição sobre a adaptação da minissérie e pretendia impedir a distribuição do filme feito pela Warner Bros. Os dois estúdios firmaram um acordo após o juiz de primeira instância dar um veredicto favorável a Fox.

Uma história em quadrinho feita há mais de vinte anos atrás mudou a maneira como os quadrinhos são feitos e como os superheróis são vistos. Finalmente, depois de vinte e um anos de trabalho, Watchmen chegará aos cinemas no dia 6 de março de 2009.

O poeta romano Juvenal disse, quis custodiet ipsos custodes?, Alan Moore traduziu para who watches the watchmen? ou “quem vigia os vigilantes?”. Sabe quem? Em 6 de março, o mundo todo.





terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Crítica do filme "Dúvida"



Baseado na peça teatral homônima, escrita por John Patrick Shanley, e roteirizada para o cinema e dirigida pelo próprio Shanley, Dúvida conta a história de uma freira responsável por uma escola católica dos EUA dos anos cinqüenta, que suspeita que o pároco tenha abusado do primeiro aluno negro da mesma escola.

O roteiro de Dúvida é fortíssimo, e sem ser apelativo ou ultracrítico, é simplesmente muito bem escrito. E o roteiro é ainda elevado por dois atores que são, possivelmente, os melhores de suas gerações,
Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman. Streep vive a freira megera que acusa o padre vivido por Hoffman. E servindo de pivô da trama, Amy Adams está muito bem como a irmã James, uma jovem freira que é colocada no meio dessa disputa.

Apesar do elenco estrelar, continuo afirmando que a verdadeira estrela de Dúvida é o roteiro que é cheio de significado até no título. A direção de Shanley também vale ser comentada, alguns dos ângulos escolhidos para cenas de diálogo são mais comuns de serem vistos em filmes de ação, mas acho que foram bem utilizados aqui para mostrar a tensão entre as personagens.

A curiosidade é que o último filme dirigido por John Patrick Shanley foi Joe Contra o Vulcão, a comédia romântica de 1990 com Tom Hanks e Meg Ryan.

Finalmente, a Dúvida do filme, seja a crise de fé das personagens ou a dúvida não respondida se houve realmente ou não o abuso do menino pelo padre, mas não resta dúvida de que o filme deve ser assistido e estudado por qualquer um que tenha interesse em cinema e dramaturgia.

Dúvida estreou no Brasil no fim de semana passado e ainda está em cartaz.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Crítica do filme "O Lutador"


Como uma criança dos anos 80, me lembro bem de chegar em casa da escola e ligar a televisão para ver os heróis e bandidos do Telecat se batendo dentro de um ringue e de tentar imitar os movimentos no meu sofá. O novo filme de Darren Aronofsky propõe uma visita a um desses heróis que, apesar do sucesso, fracassaram na vida e não conseguiram ou souberam parar.

Aronofsky é conhecido de qualquer cinéfilo pelos filmes Pi e Réquiem para um Sonho, se você não os assistiu corra para a locadora, mas é gratificante vê-lo sendo finalmente celebrado pelo grande diretor que é. Seria fácil para um filme sobre esse tema se tornar algo piegas, ou cair no erro de tornar suas personagens nas caricaturas unidimensionais que os lutadores interpretam no ringue. Porém, o filme é muito mais que isso. O Lutador é uma obra extremamente humana sobre amor, dor e glória.

O filme conta a história de Randy “The Ram” Robinson, um lutador de luta livre que teve fama e glória nos anos 80, que vive em um trailer e paga suas contas, quase sempre, com o dinheiro que ganha em exibições de luta livre em estádios pequenos e em bicos que faz no supermercado local. Randy é um homem grande e mal encarado, porém super simpático e carinhoso. É como um grande menino. Ele se interessa por Cassidy, uma stripper a quem conta todos os seus sonhos e as histórias de suas grandes vitórias.


O elenco, outrora estelar do filme, conta com grandes atores dos anos 80, que como o próprio personagem principal, já viram dias melhores. Mickey Rourke, de 9 semanas e ½ de Amor, vive de forma brilhante o papel de “The Ram”, ele está impecável e o papel já lhe rendeu um Globo de Ouro e o Bafta de melhor ator, e provavelmente também levará o tão cobiçado Oscar. No papel de Cassidy, Marisa Tomei brilha na tela como uma stripper crível e carismática por quem não podemos evitar sentir simpatia.

A imprensa mundial vem chamando O Lutador como o filme que resgatou a carreira de Rourke, na minha opinião, o filme que fez isso foi Sin City, de Robert Rodriguez, onde ele interpreta o grandalhão Marv, também vale conferir.

O Lutador estréia no Brasil no próximo fim de semana e vale a pena ser conferido, pela simplicidade de sua linguagem narrativa, a beleza da sua história e pelo elenco que não é nada aquém de extraordinário.