segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Relembrando John Hughes (1950 - 2009)



No dia 6 de Agosto de 2009, o americano John Hughes Jr. caminhava por Nova Iorque quando sofreu um fulminante e fatal ataque cardíaco. Aos 59 anos, morria um homem que marcou a minha geração. Eu nasci e vivi minha infância nos anos 80. Quis crescer para curtir a vida adoidado como Ferris Bueller, me apaixonei por Molly Ringwald e sonhei em criar uma mulher nota 1000 dentro da minha própria casa. E a culpa disso tudo foi dele.



Hughes começou a trabalhar como escritor ainda nos anos 70, e em 1979 estreou como roteirista. Mas foi em 1984 que iniciou sua carreira como diretor. E como. Seu primeiro filme, Gatinhas e Gatões, se tornou um clássico instantâneo e elevou Molly Ringwald e Anthony Michael Hall ao estrelato. No ano seguinte, Hughes lançou dois filmes. O primeiro, O Clube dos Cinco, tratava das dúvidas e angústias adolescentes como nunca antes. Cinco jovens de diferentes grupos são obrigados a passar um dia juntos em detenção e desenvolvem ali uma confiança e amizade que eles sabem que não poderão manter uma vez que saiam daquele ambiente e voltem a habitar os corredores da escola. O Clube dos Cinco é o que Shakespeare escreveria se ele escrevesse filmes sobre adolescentes americanos. Em seguida, Hughes lança um filme mais fantástico e sem comprometimento com a realidade, Mulher Nota 1000. John Hughes entendia a cabeça dos nerds, e que idéia mais maravilhosa do que se dois nerds pudessem criar com seu computador a mulher perfeita! O filme, a terceira parceria do diretor com o ator Anthony Michael Hall, foi um sucesso internacional e até hoje tem uma legião de fãs.


Em dois anos, o escritor tornado roteirista tornado diretor lançou três filmes que foram três imensos sucessos de bilheteria e que definiriam os jovens americanos (e até mesmo do mundo) dos anos 80. Mas a década estava apenas na metade e Hughes estava longe de parar. Mas com as expectativas tão elevadas, como continuar sem perder o ritmo? Com Bueller, Ferris Bueller. Em 1986, o diretor apresentou o adolescente mais cool da história aos cinemas em Curtindo a Vida Adoidado e centenas de jovens continuam até hoje nutrindo o sonho de ser como aquele de colete de oncinha, cantando Twist and Shout pelas ruas de Chicago.



No ano seguinte, Hughes deixou de lado os filmes adolescentes para filmar a comédia Antes Só que Mal-Acompanhado com Steve Martin e John Candy. A comédia está na lista dos dez filmes mais engraçados da história do American Film Institute. Seu próximo filme talvez seja também o mais pessoal. John Hughes que se casou ainda muito jovem, aos vinte anos, fez um filme sobre a vida de um jovem casal recém casado que tenta entender como viver a vida de casado, as expectativas de todos aos seu redor e como evitar cair nas tentações que se apresentam diariamente. Nos créditos finais de Ela Vai Ter um Bebê, o diretor de o crédito de inspiração à Nancy, sua esposa, com quem permaneceu casado até sua morte.


Em 1989, John Hughes volta a trabalhar com John Candy no filme Quem Vê Cara, Não Vê Coração. Nessa comédia, vê-se a maturidade do diretor começando a ditar sobre seu trabalho. Enquanto antes ele escrevia para adolescentes, ele agora faz um filme sobre os conflitos e desentendimentos entre gerações, mais especificamente o tio Buck, de Candy, e seus sobrinhos vividos por Jean Kelly, Macaulay Culkin e Gaby Hoffman. O tio Buck acabou sendo um dos personagens que mais marcou o untuoso ator. O último filme dirigido pelo cineasta foi A Malandrinha, lançado em 1991, que mais uma vez tratava do relacionamento entre diferentes gerações, nesse caso entre Bill Dancer, vivido por James Belushi, e Curly Sue, vivida por Alisan Porter.


Durante todo esse tempo, Hughes nunca deixou de escrever. Comentar todos os roteiros assinados pelo cineasta, ou por seu pseudônimo, Edmund Dantes, em homenagem ao personagem de O Conde de Monte Cristo, deixaria esse post longo demais. Entretanto, vale pelo menos assinalar alguns dos roteiros que fizeram de Hughes um dos maiores roteiristas de Hollywood. Alguns de seus roteiros são: os filmes da série Férias Frustadas, os clássicos com Chevy Chase; Dona de Casa por Acaso, que pôs Michael Keaton na cozinha; A Garota de Rosa Shocking, com Molly Ringwald; Férias em Família, com Dan Aykroyd e John Candy tentando acabar com um urso e com um prato de carne (até a gordura e cartilagem); Esqueceram de Mim 1, 2 e 3, mas vamos fingir que foi só o 1 e 2; Beethoven, o Magnífico 1 e 2, o cachorro; Dutch, com Ed “Al Bundy” O’Neal; e o último filme que escreveu foi Meu Nome é Taylor, Drillbit Taylor, de 2008, com Owen Wilson.


Então John, obrigado pelas horas de diversão assistindo à Sessão da Tarde e Cinema em Casa, e agora nos DVDs, e onde quer que você esteja, curta adoidado.


sábado, 27 de junho de 2009

"Através do Túnel"



Curta documental dirigido por Daphne Cordeiro e escrito por mim, no ano passado.

Pessoalmente gostei muito do filme e das escolhas de direção da Daphne. Acho que o resultado ficou bem bacana.

O único problema que eu tenho com o filme é a dublagem que foi feita por pessoas sem experiência e eu achei que tirou um pouco do texto, e do filme em si. Já até comentei com a diretora sobre a possibilidade de redublar.

De qualquer maneira, o filme participou do RECINE 2008.


quinta-feira, 25 de junho de 2009

Trailer de "BESOURO"



A nova promessa do cinema nacional é uma grande investida no gênero de ação.

Besouro se passa na Bahia do início do século 20, e lembra os filmes de kung fu que fazem o cinema de Hong Kong, mas com gostinho nacional da nossa Capoeira!

As lutas do filme foram coreografadas pelo mesmo dublê que coreografou as lutas de O Tigre e o Dragão, Matrix e Kill Bill.

Assistam o trailer dessa super produção nacional.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Le Batman!



Uma das possibilidades que a Internet criou foi a distribuição fácil e gratuita de filmes de fãs. Os fan films são filmes feitos sem fins lucrativos, mas para homenagear os personagens preferidos de seus realizadores. Um dos personagens preferidos dos cineastas de fim de semana é o morcegão de Gotham City, o Batman. E de tempos em tempos, o cavaleiro das trevas já foi também o objeto cinematográfico de alguns fãs não tão amadores.

Em 2003, Sandy Collora, um profissional de cinema que já trabalhou no estúdio de efeitos especiais de Stan Winston (o mesmo que criou o Exterminador do Futuro), além de ter trabalhado em filmes como Jurassic Park, O Corvo, Dogma e Predador 2, resolveu dirigir um fan film do Batman. O filme, Batman: Dead End, foi considerado pelos profissionais dos quadrinhos e fãs das histórias como a melhor representação cinematográfica feita do personagem até então. Pondo o nome de Collora entre os possíveis diretores do filme que relançaria a franquia do homem morcego, antes de Chris Nolan assumir essa tarefa. O filme está disponível em sua integra e com legendas em português no YouTube.

Agora foi a vez dos franceses!

Dirigido por Julien Mokrani e Samuel Bodin, e roteirizado também por Bodin, Ashes to Ashes é um curta metragem de dezoito minutos que conta uma aventura que se passa em uma Gotham City extremamente estilizada. Mokrani e Bodin decidiram contar uma estória do Batman que não tem o herói como personagem central. O filme tem um clima bastante noir e é inspirado pelo romance gráfico Sin City de Frank Miller. Assim, Ashes to Ashes foi gravado digitalmente usando a mesma tecnologia que o longa de Robert Rodrigues, Frank Miller’s Sin City. O curta metragem foi gravado em treze dias e a pós produção durou de 2006 até 2008.

A estória de Ashes to Ashes se passa em 1938 e tem como protagonista o personagem Eddy, um assaltante que, junto com dois comparsas, invade a mansão Wayne para cometer um furto e, depois de ser confrontado, acaba matando o mordomo da casa. A partir daí, a vida de Eddy e seus comparsas vira de cabeça para baixo. Eles agora tem que fugir da sombra vingadora que os persegue, assim como os lunáticos bandidos da cidade. E para piorar, a mulher de Eddy, Harlene, o trai com o Coringa!

O filme foi selecionado para o Canto dos Curtas do Festival de Cannes desse ano. Vale a pena conferir! Infelizmente, o filme, que é falado em francês, só esta disponível com legendas em inglês. Mas mesmo quem não entende, vale a pena ver. As imagens constroem a narrativa bem o suficiente para que a história seja compreendida e o estilo é fantástico.





SITE OFICIAL DO FILME

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Crítica do filme "A Mulher Invisível"



Imagine se você conhecesse a mulher perfeita. Agora, imagine se a mulher perfeita se apaixonasse por você. Imaginou? Mas e se a mulher perfeita fosse só a sua imaginação? Essa é a premissa de A Mulher Invisível, novo filme do diretor Cláudio Torres, também escrito por ele, e da Conspiração Filmes.

O filme é o terceiro longa metragem de Torres, seguindo Redentor e A Mulher do Meu Amigo, e é o esforço da produtora de fazer uma comédia das mais comerciais e, ainda, de qualidade. E eles conseguem. O resultado é obtido em grande parte pelo talento de Selton Mello que vive Pedro, o personagem pseudoesquizofrênico que vive um caso de amor com sua própria imaginação.

Após ser abandonado pela namorada que o traíra, Pedro embarca em uma depressão que parece sem fim, ele se tranca em seu apartamento e evita qualquer contato com o resto do mundo até que um dia, uma mulher perfeita aparece em sua porta. Amanda, a invisível Luana Piovani, apresenta-se como sua vizinha e os dois quase que imediatamente se apaixonam. A partir daí, os dois vivem um rápido caso de amor que resulta em noivado.

Isso, até que o melhor amigo de Pedro, Vladimir Brichta, Carlos fica preocupado com o amigo e descobre que ele está se envolvendo com uma mulher que não existe. Após ser convencido por Carlos de que Amanda é apenas fruto de sua imaginação, Pedro começa a tentar esquecê-la e ignorá-la. O que se torna mais difícil, pois a insistente Amanda reconhece que se for esquecida por Pedro, ela deixa de existir.

Paralelamente a isso tudo, a vizinha de Pedro, Vitória, vivida por Maria Manoella, vive um caso de amor platônico por Pedro através da parede que separa a sala dele da cozinha dela. E mais tarde, ela vira motivo de disputa entre Pedro e Carlos.

O filme é feito de maneira bastante eficiente, não apresenta nada de inovador ou brilhante, mas essa também não é sua proposta. Trata-se da versão tupiniquim do melhor cinema pipoca. O filme é bastante divertido e garante boas risadas, principalmente causadas por Selton Mello que representa como ninguém o papel do patético Pedro, e por Vladimir Brichta que também não perde o ritmo como o melhor amigo mulherengo.

Vale a pena conferir e dar aquela força ao cinema nacional.

A Mulher Invisível estréia no dia cinco de junho nos cinemas.


segunda-feira, 25 de maio de 2009

Festival de Cannes 2009



Não deu nem para os bastardos de Quentin Tarantino e nem para o anticristo de Lars Von Trier, a Palme D’Or, o mais importante prêmio do cinema mundial foi para o filme Das Weisse Band (“A Fita Branca”), do diretor austríaco Michael Haneke.

O filme de Haneke, um longa metragem em preto e branco, se passa em um pequeno vilarejo alemão pouco antes do início da Primeira Guerra Mundial. Lá, acontecimentos sinistros envolvendo crianças vivendo num ambiente repressor de hipocrisia religiosa e abusos sexuais analisa a geração que mais tarde viria a criar o Nazismo no país.

A premiação de Das Weisse Band já era esperada, desde que o filme ganhou o Prêmio da Crítica Internacional. O francês Un Prophète (“Um Profeta”) ganhou o Gran Prix, e o Prêmio do Júri foi dividido entre Fish Tank, da britânica Andrea Arnold, e Thirst, do sul coreano Park Chan-Wook. O cineasta francês Alain Resnais recebeu um prêmio pelo conjunto de sua obra.

Já os comentados Bastardos Inglórios, de Tarantino, e Anticristo, de Lars Von Trier, ganharam respectivamente os prêmios de Melhor Ator, para Christoph Waltz, e Melhor Atriz, para Charlotte Gainsbourg. E a grande surpresa foi o prêmio de Melhor Diretor para o filipino Brilhante Mendoza pelo filme Kinatay.

O Brasil competia na mostra “Um Certo Olhar”, mas saiu da Riviera sem prêmios.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Crítica do filme "Star Trek"





Eu não cresci um fã de Jornada nas Estrelas. Muito pelo contrário, cedo na minha vida eu assisti Guerra nas Estrelas e logo virei devoto Jedi. Tenho lembranças felizes da minha infância, meu pai imitando a voz do Darth Vader para mim e eu rindo. Assim, crescendo fã da maior trilogia da história, sempre mantive um certo sentimento de rivalidade com Jornada nas Estrelas e com seus trekkies (fã do seriado original).

Eu sempre achei que Jornada nas Estrelas tinha, de fato, uma mitologia bastante interessante, mas a pobreza visual do seriado de televisão e filmes que me pareciam muito ligados à mesma, mantiveram-me afastado. O novo filme, dirigido por J.J. Abrams, com certeza não sofre de pobreza visual ou qualquer outro tipo de pobreza. Pelo contrário, o filme do criador das séries de TV, Felicity, Alias, Lost e Fringe, é muito rico e esbanja nos efeitos visuais de última geração.

Apesar do imenso sucesso na TV, J.J. Abrams ainda é iniciante como diretor de cinema, esse é apenas o segundo filme dele, que anteriormente dirigiu o Missão: Impossível 3. Mas, como em suas séries de TV, o diretor foi audacioso. Ele resolveu que o filme reiniciaria a franquia com os personagens originais. Personagens esses que são venerados e adorados por milhares dos fãs, talvez, mais ardorosos do mundo.

Abrams sempre disse em entrevistas e para os fãs que não havia crescido como um fã da série, mas pelo contrário, era fã de Guerra das Estrelas. Talvez, por esse motivo ele tenha conseguido mexer com a mitologia fundamental da série, o chamado cânone, e feito um filme tão grandioso quanto os da sagrada trilogia.

Então, vamos ao comentário. Star Trek é o Batman Begins do universo de Jornada nas Estrelas, o filme conta a história da formação da equipe clássica que levará a U.S.S. Enterprise para onde nenhum homem foi antes. A história começa focando na dicotomia entre James T. Kirk, o galã Chris Pine, e Sr. Spock, Zachary Quinto. Abrams usou uma teoria de viagem no tempo, digna de sua série Lost, para explicar que a viagem no tempo do vilão Nero, o romulano vivido por Eric Bana, e Sr. Spock do futuro, matando a saudade do vulcano original Leonard Nimoy, altera toda a história do universo, criando assim uma nova franquia que pode se diferenciar do seriado da televisão.

Enquanto Jim Kirk é um terráqueo corajoso, mas arrogante, que se alista na última hora como cadete da federação. Vemos no inicio do filme que o pai de Kirk, foi um oficial da federação que virou herói. Já Spock vive uma eterna procura por sua identidade, por ser meio humano e meio vulcano, uma raça superior que tem a lógica como maior atributo e renega a emoção.

Durante o filme os cadetes são obrigados a assumir postos de batalha, o que leva Kirk, Spock, e os personagens clássicos, “Magro” McCoy, Uhura, Sulu, Scotty, Chekov (sim, estão todos lá!), para dentro da Enterprise em sua primeira missão. O que segue é o que se pode esperar de qualquer Jornada nas Estrelas, assim como de quase todo filme de ação e ficção científica, muita ação, aventura, com bastante do humor característico da série.

Todos os atores estão muito bem nos papéis que interpretam. Eles o fazem com um misto de imitação e muito talento. Me pareceu que estavam interpretando aqueles personagens não imitando os atores que os tinham feito anteriormente, mas como quem interpreta figuras históricas bastante conhecidas. E é assim que deveria ser. Do elenco, destacam-se o australiano Karl Urban, como o médico e melhor amigo do capitão Kirk, Leonard “Magro” McCoy, e Quinto, o Sylar da série “Heroes”, como o novo Sr. Spock.

No fim das contas, o filme é bastante divertido e traz, finalmente, uma roupagem e investimento dignos à mitologia da série. A única coisa que realmente me incomodou no filme foi a fotografia. Todas as luzes refletiam nas lentes da câmera. Ao ponto de me convencer que o diretor de fotografia, Daniel Mindel, usou isso como artifício narrativo. Mas isso é feio! É uma falha de câmera. Usar algumas poucas vezes durante o filme para dar uma impressão de realidade é compreensível, mas em praticamente todo plano foi demais para o meu gosto. Até nas tomadas do espaço, criadas por computador, sem luz real, eles se deram ao trabalho de criar, no computador, reflexos na lente.

Outra crítica que eu tenho é sobre o nome. Essa onda dos grandes estúdios de quererem criar franquias globalmente reconhecidas pelo mesmo nome, assim, Guerra nas Estrelas virou Star Wars, Super-Homem retornou como Superman e agora o bom e velho Jornada nas Estrelas enrolou a língua e veio como Star Trek. Coisas de marketeiros... vai entender.

Star Trek estreou na última sexta-feira e está em cartaz em quase todos os cinemas.

Vida longa e próspera!