
Watchmen – O Filme conta a história de um mundo alternativo onde heróis mascarados teriam combatido o crime até serem proibidos de fazê-lo. Mas os vigilantes são lançados de volta à ativa após o assassinato de um deles. Isso superficialmente, de fato, a proposta do filme, assim como da obra inspiradora, é analisar psicologicamente quem seriam essas pessoas dispostas a se fantasiar e sair por aí brigando com bandidos e como eles se relacionam um com os outros e com o mundo ao seu redor.
Eu confesso que, como fã das revistas, estava bastante apreensivo quanto a essa adaptação, uma vez que o texto já havia sido chamado de “infilmável” diversas vezes e eu tinha medo de que Hollywood fosse transformar a trama em mais um filme de ação de superheróis. Mas felizmente isso não aconteceu. Esse é um filme adulto que explora o lado mais negro de como as pessoas agem, uma vez que se consideram superiores ou responsáveis pelas outras. Como traçar limites? Como não se distanciar das demais pessoas? E isso tudo sem perder o suspense da trama.
Primeiro de tudo, vale confirmar que essa é a adaptação mais fiel possível que o livro poderia ter tido. A história foi razoavelmente reduzida, tramas menores e personagens secundários foram cortados, mas a adaptação continua fiel ao conceito original e isso que importa. Seria impossível querer contar tudo que o original conta, isso acabaria prejudicando o filme que já é bastante denso como ficou.
Assim, Watchmen - O Filme pede atenção total da platéia durante suas quase 3 horas, a tela é cheia de detalhe e as personagens estão quase ininterruptamente servindo informação. E o filme não é para o fraco de estômago, braços são decepados, tripas voam pelos ares, pernas são perfuradas por balas, etc. Mas tudo maravilhosamente fotografado por Larry Fong, que também foi o cinematógrafo de 300, e com impecável direção de arte, que marca as diferentes épocas que o filme cobre.

A questão do final é mais complicada. Segundo o diretor, Zack Snyder, o final foi modificado porque se permanecesse como nos quadrinhos ele teria que contar toda uma outra história que adicionaria mais uns quinze a vinte minutos no já estourado tempo. Eu gosto do final original, mas tenho minhas dúvidas se funcionaria no cinema. Somos mais permissivos a certas idéias no papel do que vendo “na verdade”. Eu achei que o novo fim foi muito bom.

Patrick Wilson (Dan Dreiberg/Coruja II) mostra mais uma vez que é muito talentoso perfeito para viver o papel daquele cara meio normal, que é bonito, mas não bonito demais. Wilson é perfeito no papel trazendo uma realidade patética ao herói que mente para si mesmo dizendo que não sente falta das noites de heroísmo.

Matthew Goode (Adrian Veidt/Ozymandias) foi muito criticado e

Billy Crudup (Dr. Manhattan/Jon Osterman) aparece pouco no filme em sua própria

Jeffrey Dean Morgan (Eddie Blake/O Comediante) é quem sai desse filme como uma nova estrela. O ator, conhecido apenas da TV, dá uma sensibilidade ao personagem que as

palavras no quadrinho não conseguem. Como você faz para que o público se importe com um personagem que o próprio capitão Nascimento chamaria de fascista, que bate em mulheres, estupra, mata criancinhas? Você chama Morgan para interpretá-lo, pois isso é exatamente o que ele faz aqui. Ele é um homem podre, mas incrivelmente charmoso.
Jackie Earle Haley (Rorschach/Walter Kovacs) é Rorschach. Ele deixa o público sem palavras perante seu retrato do vigilante psicótico que narra a maior parte da história. Haley faz o maior fã de Watchmen acreditar que Dave Gibbons ilustrou o personagem

Se tem uma coisa que eu não estou 100% certo quanto ao filme é a trilha sonora. Acho que em certas músicas Snyder acertou em cheio, como é o caso de “Times They Are A-Changing” de Bob Dylan na abertura do filme, de "Unforgettable" de Nat King Cole durante a execução do Comediante, ou de “All Above The Watchtower” do mesmo Dylan, mas na versão de Jimi Hendrix marcando com perfeição o início do terceiro ato. Por outro lado, “Sound of Silence” de Simon & Garfunkel na cena do enterro e “Hallelujah”, celebrando o coito aéreo entre o Coruja e Espectral, parecem extremamente piegas e dão ar de filme de YouTube ao longa. E ninguém mais deveria usar “Pirate Jenny” sob uma cena no Vietnã, acho que se “Hallelujah” e “Pirate Jenny” tivessem sido trocadas de lugar elas funcionariam melhor.
O motivo que o diretor deu por ter usado a última música na cena do Vietnã é porque um trecho dela aparece no livro original, já que a música menciona a Black Freighter, navio pirata da opereta original, e na revista em quadrinho na qual o filme é baseado existe um personagem que lê uma revista chamada “The Tales of the Black Freighter”, que conta uma história de um náufrago que ultrapassa todos os tipos de desafios para voltar para casa e salvar a mulher e filha de piratas que estão a caminho para matá-las, mas o náufrago acaba acidentalmente matando as duas e depois se uni aos piratas. A história em quadrinhos dentro da história em quadrinhos seria uma crítica direta a ação americana na guerra do Vietnã.
Finalmente, eu assisti ao filme sendo fã da obra original, com um amigo que gosta de quadrinhos, mas nunca leu a obra, e minha namorada que nunca leu quadrinhos. E o filme funciona para todos os públicos. Todavia, não vá ao cinema achando que verá um filme de superheróis qualquer, ou um filme como Batman – O Cavaleiro das Trevas. Não é o caso. Enquanto o último filme do morcegão se esforçava para mostrar como seria um superherói no nosso mundo, Watchmen – O Filme, mostra como o mundo seria caso houvessem superheróis.

4 comentários:
Não sou fã de quadrinhos, não conhecia Watchmen. Mas acho que o filme merece ser visto não só por ser uma grande produção e que está recebendo críticas positivas, mas por ser sempre um desafio adaptar uma obra literária (seja ela de qualquer estilo) para o meio audio visual (TV, cienma, etc). A proposta é audaciosa, mas na minha humilde opinião, foi bem sucedida. Há cenas com um toque ácido de humor (isso me agrada). Além dos belos efeitos especias! Não entendo de HQs e meus conhecimentos de cinema são apenas de espectadora, então não posso tecer críticas mais pronfudas. Porém, enquanto curiosa e pessoa q adora ser supreendida, esse filme superou minhas expectativas!
Ah, te amo!
bjs
Proibição de Super-herois, volta a ativa apos ponto critico...
O enredo me parece com Os Incriveis da Pixar.
rs.
No caso, meu caro Diguinho... Os Incríveis parece com Watchmen... hehehehe
Brad Bird, criados de OS INCRIVEIS, ja disse em mais de uma ocasiao que WATCHMEN foi a inspiracao para a animacao.
Postar um comentário