quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Crítica do filme APENAS UMA VEZ

A grande surpresa do ano passado e, em minha opinião, um dos melhores filmes do ano, foi um filme independente irlandês do cineasta John Carney. A proposta é um musical diferente do que o público entende como musical e ainda um romance.

Filmado em vídeo digital com um baixo orçamento, o filme conta a história de um talentoso músico de rua de Dublin, que teve seu coração partido, conhece uma imigrante tcheca que também é uma talentosa música. Ao longo do filme, a amizade dos dois se desenvolve em um romance platônico e em uma parceria musical.

É raro no cinema ver um romance tão sincero quanto o roteirizado por Carney, os personagens, sem nome e creditados apenas como “guy” e “girl”, são pessoas reais e tangíveis que lutam para viver dignamente e tentar realizar seus sonhos. Esse não é um musical onde as personagens conversam com canções, é um musical onde as músicas são apenas músicas, cantadas por personagens que são músicos e se expressam melhor em forma de músicas, sejam cantadas na rua, numa loja de instrumentos musicais, em uma festa, em um estúdio ou no fundo de um ônibus.

As músicas em questão foram compostas e são interpretadas pelo, também irlandês, Glen Hansard e pelo prodígio musical tcheco Marketa Irglova, ambos músicos e atores de primeira viagem, que desenvolvem seus papéis com uma tremenda honestidade e sem a menor pretensão. E essa é a única maneira de como esses personagens poderiam ser interpretados. E a música do filme é excelente, garantindo a Hansard e Irglova o Oscar de melhor música, mesmo competindo com grandiosos musicais da Disney.

O filme é imperdível, um musical sincero e de um realismo invejável que mostra as possibilidades de se contar histórias sinceras e criativas de maneira econômica com os novos meios digitais.

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